Economia

Futuro presidente da Petrobras, Adriano Pires se reuniu com Bolsonaro no domingo. Saiba quem ele é

Economista irá substituir o general Joaquim Silva e Luna

Adriano Pires, o próximo presidente da Petrobras. Foto: Reprodução
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Indicado para a presidência da Petrobras oficialmente, o economista Adriano Pires se reuniu no domingo com o presidente Jair Bolsonaro. O encontro, que não consta na agenda do presidente, foi confirmado por assessores do Palácio do Planalto.

Um dia depois, nesta segunda-feira, o governo tornou pública a decisão de demitir o general Joaquim Silva e Luna do comando da estatal, menos de um ano depois dele assumir o cargo. Pires assume o posto no próximo dia 13, quando ocorre a reunião dos acionistas que vai referendar as novas indicações para o Conselho de Administração da estatal.

Sem o nome de Silva e Luna no Conselho, Pires irá assumir o posto de CEO. Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, será o presidente do board da estatal.

Integrantes do governo afirmam que Pires deu declarações “corretas” no momento “correto” sobre os preços dos combustíveis. Foi o aumento dos combustíveis que levou à saída de Silva e Luna, depois da Petrobras anunciar neste mês um aumento de 18% na gasolina e de 25% no diesel.

O aumento anunciado pela Petrobras e o timing do comunicado — feito pouco antes de o Congresso votar um projeto que trata do assunto — irritou Bolsonaro, que optou pela demissão.

Assessores de Bolsonaro dizem que Pires tem a simpatia do presidente por defender publicamente que a volatilidade dos preços do petróleo não pode ser repassada ao consumidor final. Ele defende, por exemplo, a criação de fundos e o subsídio ao transporte urbano, o botijão de gás e os caminhoneiros. Isso sempre soa positivo aos ouvidos de Bolsonaro.

O presidente da Petrobras, porém, não tem caneta para criar fundos e mudar impostos. Além disso, essa solução vai contra a posição do ministro da Economia, Paulo Guedes, que está em Paris.

Em artigo publicado no site “Poder 360” no último dia 22, Pires defendeu que qualquer preço acima dos US$ 95 para o barril de petróleo seria consequência do “efeito guerra” e que “não é justo que a sociedade que está saindo mais pobre da pandemia pague esse” efeito.

“Qual é a solução imediata? Construir uma espécie de fundo com subsídios específicos com duração de 3 a 6 meses que cubra o ‘efeito guerra'”, escreveu. Ele rechaçou qualquer interferência na Petrobras.

“O que não podemos, e não devemos, é ceder à tentação de intervir nos preços da Petrobras, algo que só trouxe prejuízos para toda a sociedade brasileira e que significa o atraso do atraso. Precisamos respeitar a legislação de preços livres em toda a cadeia da refinaria até o posto de revenda”.

Ele disse ainda que a missão principal da Petrobras será cada vez mais investir na exploração e produção de óleo e gás na região do pré-sal e ressaltou que a empresa “não é uma estatal”. “Com isso, a empresa, que não é uma estatal, poderá pagar dividendos significativos, respeitar o direito dos acionistas, criar empregos, pagar royalties e participações especiais e outros impostos e ajudar a transformar o pré-sal numa riqueza que beneficiará as gerações presentes e as futuras de brasileiros”.

O projeto de lei que cria um fundo de estabilização de preços sequer andou na Câmara. Silva e Luna também é um defensor de usar os dividendos da Petrobras para criar políticas aos mais pobres, algo que nunca avançou.

Pires também foi um dos principais defensores de mudanças no ICMS, encampadas pelo governo federal. Ele defendeu uma única alíquota, cobrada em reais por litro, tese adotada pelo governo.

O novo presidente da Petrobras também tem forte influência no Congresso e trânsito livre com lideranças e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Para incentivar a estabilização dos preços no mercado interno, Pires já sugeriu ao governo  criação de um novo imposto em substituição aos tributos federais. Essa medida também já foi defendida, ao GLOBO, pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Seu nome, inclusive, chegou a ser cotado para assumir o MME em 2018, durante a transição.

Adriano José Pires Rodrigues é graduado em Economia, Doutorado em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII, Mestrado em Planejamento Energético. É diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural.

Foi Professor Adjunto do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ, exercendo as funções de pesquisador e consultor junto a empresas e entidades internacionais.

Atuou como Assessor do Diretor-Geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, além de ter exercido os cargos de Superintendente de Abastecimento, de Importação e Exportação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural.

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