Economia
Em meio a tensão por declarações de Haddad, votação do arcabouço é novamente adiada
Havia a expectativa de que a proposta fosse votada já na retomada dos trabalhos do Congresso, no início de julho


A votação do novo marco fiscal na Câmara foi novamente adiada após as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), irritarem parlamentares, inclusive da base. O martelo foi batido pelo presidente Arthur Lira (PP) durante um almoço entre lideranças partidárias na residência oficial da Câmara, nesta terça-feira.
Com as alterações feitas pelos senadores em junho, o texto do arcabouço precisará passar por nova análise dos deputados. Havia a expectativa de que a proposta fosse votada já na retomada dos trabalhos do Congresso, no início de julho.
A apreciação da matéria, contudo, foi segurada por Lira, que aguardava a conclusão das conversas de líderes do PP e do Republicanos com Lula para agendar a votação do marco fiscal.
O partido de Lira, por exemplo, indicou o deputado André Fufuca (MA) para ocupar um ministério com orçamento robusto. Já no Republicanos, a expectativa é que Silvio Costa Filho (PE) seja escolhido para uma pasta na dança das cadeiras.
De acordo com o relator do arcabouço, Cláudio Cajado, a previsão é que as mudanças propostas pelos senadores sejam discutidas em reunião no início da semana com os líderes partidários e técnicos do Ministério da Fazenda. A votação, no entanto, ainda não tem data marcada.
“Não existe compromisso de calendário. Feita reunião na segunda feira, vamos consensualizar o texto, e a partir daí a pauta de quando entrará em votação no plenário será definida pelo colégio de líderes e o presidente”, disse o parlamentar, após o almoço.
Ao G1, Lira foi suscinto ao destacar que a proposta será apreciada em plenário na próxima semana: “Vamos fazer a votação na semana que vem”.
Esta é a segunda vez que a análise do marco fiscal é adiada. A decisão desta terça tem como pano de fundo algumas declarações feitas por Haddad em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo.
Na conversa, o ministro afirmou que “a Câmara está com um poder muito grande e não pode humilhar o Senado e o Executivo”. Horas depois, o titular da Fazenda esclareceu que suas falas seriam voltadas à “reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão”.
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