Eletrobras demite vice-presidente de comercialização denunciado à CVM

João Carlos de Abreu Guimarães havia sido contratado pela companhia em março

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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O Conselho de Administração da Eletrobras decidiu demitir o seu vice-presidente de Comercialização, João Carlos de Abreu Guimarães, que havia sido contratado em março. A saída foi comunicada pela empresa nesta segunda-feira 3.

A demissão acontece duas semanas após o jornal Folha de S.Paulo revelar que Guimarães foi denunciado à Comissão de Valores Mobiliários, em um caso envolvendo suposta fraude em operações do grupo Delta Energia, do qual Guimarães fazia parte antes de ser contratado pela Eletrobras. 

A publicação destacou que, embora a investigação esteja em fase preliminar, a denúncia apresenta indícios de operações simultâneas que geraram ganhos a dois fundos de investimentos ligados à Delta, tendo como lastro operações de compra e venda de energia no mercado livre. 

A Eletrobras chegou a informar, por meio de uma nota, que estava acompanhando o assunto e que os fatos não têm relação com a atuação de Guimarães na companhia.

Até o momento, o executivo não se manifestou sobre a demissão. A Eletrobras tampouco informou quem irá substitui-lo, mas afirmou, em nota divulgada nesta segunda, que “manterá o mercado informado sobre o preenchimento da posição”.

Disputa na Eletrobras


No início de maio, a Advocacia-Geral da União pediu que o Supremo Tribunal Federal declare inconstitucional um trecho da lei que autorizou a venda da Eletrobras e proibiu que acionistas detenham mais de 10% do poder de voto na companhia após a privatização. O relator do caso é o ministro Kassio Nunes Marques.

Em relação à Eletrobras, a União possui 43% da empresa, mas tem direito a 10% dos votos.

No centro da disputa está a atuação do 3G Capital na Eletrobras. O fundo é comandado pelos empresários Jorge Paulo Lemann, Roberto Sicupira e Marcel Telles e está envolvido no recente caso de fraude fiscal na Americanas, o maior da história do mercado brasileiro.

O 3G Capital tem 1,3% de participação na Eletrobras, mas, apesar de ser minoritário, pode indicar conselheiros na companhia. O foco, porém, está no acesso aos resultados da Eletrobras: o grupo possui 10,88% das chamadas ações preferenciais da companhia, o que dá prioridade no recebimento de dividendos. O governo federal questiona o arranjo. 

No início de junho, o jornal Folha de S.Paulo revelou a gravação de uma reunião interna da Eletrobras a mostrar a atuação do grupo 3G Radar (que tem participação da 3G Capital) na indicação sobre os membros do Conselho de Administração.

O sócio-fundador da 3G Radar é o empresário Pedro Batista de Lima Filho, também conselheiro da Eletrobras.

Em junho de 2022, o processo de privatização da Eletrobras chegou ao fim. Pouco menos de um ano depois, em maio de 2023, a companhia distribuiu 863,4 milhões de reais em dividendos aos seus acionistas. O pagamento foi referente aos resultados de 2022. 

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