Economia

‘É no mundo inteiro’, diz Guedes ao minimizar a inflação brasileira, a 3ª mais alta do G-20

Ao analisar a alta de preços no Brasil, exaltou a independência do Banco Central e disse que ‘a nossa inflação é um fenômeno temporário’

O ministro da Economia, Paulo Guedes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a destilar seu suposto otimismo nesta sexta-feira 17, ao afirmar que o Brasil se “ergueu” e a Covid “tombou” em 2021. Segundo ele, o País “está em pé porque a economia está como estava no dia em que a doença chegou”. Ele também insistiu na alegação de que o governo de Jair Bolsonaro não tem culpa pelo avanço galopante da inflação.

Segundo ele, a elevação dos preços é temporária e se deve aos choques de produção e desarticulação das cadeias produtivas globais.

“Os governos mantiveram programas para proteger os mais vulneráveis no mundo inteiro. Mas as cadeias produtivas se desarticularam e essa desarticulação do setor produtivo é um choque de oferta adverso que tirou renda, emprego e trouxe inflação para o mundo inteiro”, disse Guedes em entrevista coletiva.

Ao analisar a alta de preços no Brasil, exaltou a independência do Banco Central e disse que “a nossa inflação é um fenômeno temporário”.

“Logo no início do ano, quando os preços de alimentos e preços de material de construção começaram a subir, nós transformamos essa crise numa oportunidade de aperfeiçoamento institucional. Os preços estão subindo? Banco Central independente, a despolitização da moeda”, completou.

Como mostrou CartaCapital, porém, a inflação brasileira acumulada em 12 meses é a 3ª maior entre as nações do G-20, de acordo com levantamento da Trading Economics, plataforma que analisa os dados históricos e as projeções de quase 200 países.

A pior situação no grupo ainda é – com sobras – a da Argentina, cuja inflação acumulada no período é de 51,2%, seguida pela da Turquia, com 21,31%. No Brasil, a inflação perdeu ímpeto em novembro, mas continua a castigar o bolso dos cidadãos. No mês passado, o IPCA foi de 0,95%, abaixo dos 1,25% de outubro. O índice, porém, levou a alta acumulada em 12 meses a 10,74%, de acordo com dados divulgados pelo IBGE.

Em 12 meses, o IPCA está bem distante do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 5,25% em 2021. O centro da meta é de 3,75%. Para o ano que vem, a projeção do mercado financeiro é de alta de 5,02% no IPCA em 12 meses. A estimativa, mais uma vez, está acima do teto da meta de inflação de 2022, de 5%.

O BC, exaltado por Guedes, vem subindo repetidamente a taxa básica de juros, a Selic. Em 8 de dezembro, o colegiado aumentou a taxa em 1,5 ponto percentual, para 9,25% ao ano – foi a 7ª alta consecutiva.

No mês passado, 7 dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta. O maior reajuste, sem surpresas, é o dos transportes, puxado pelos combustíveis (todos os itens deste grupo subiram no mínimo 40% no acumulado). Habitação (1,03%) e despesas pessoais (0,57%) também subiram.

Na entrevista coletiva desta sexta 17, Guedes ainda enalteceu a recuperação do Brasil no enfrentamento à crise sanitária.

“Em 2020 essa sombra nos lançou na escuridão, a doença estava em pé, ameaçadora, forte e o Brasil no chão, o Brasil tombou. Se tivesse que fazer uma síntese de 2021 eu diria que o Brasil se reergueu e a doença tombou. Fizemos vacinação em massa da população brasileira, de novo surpreendemos o mundo com o funcionamento da nossa democracia”, completou.

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