Economia

Copom se reúne nesta semana para definir juros; corte de 0,25 não será bem recebido pelo governo

Nos últimos dias, duas agências elevaram a nota de crédito do Brasil, o que deu nova munição para as críticas a Campo Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Pedro França/Agência Senado
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O Comitê de Política Monetária do Banco Central se reunirá nesta semana para decidir se mantém ou altera a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. O anúncio ocorrerá na quarta-feira 2.

Desde agosto de 2022 o BC não muda o índice, apesar de indicadores como a inflação terem melhorado nos últimos meses. A postura da autoridade monetária provoca revolta em ministros e no presidente Lula, que veem o nível da Selic como um obstáculo para o crescimento econômico.

Nos últimos dias, duas agências elevaram a nota de crédito do Brasil, o que deu nova munição para as críticas a Roberto Campo Neto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mandou recados ao presidente do BC na última sexta-feira 28, ao comentar as decisões da Fitch e da DBRS Morningstar.

“Às vésperas da semana da reunião do Copom, é importante salientar que o mundo inteiro já compreendeu que está acontecendo alguma coisa boa no Brasil e que o rumo dado à agenda econômica vai ao encontro do que o Brasil precisa para restabelecer a confiança, atrair investimentos e, sobretudo, gerar bem-estar para a população”, afirmou Haddad.

O petista ressaltou haver “muito espaço para um corte de 0,5 ponto percentual” no próximo encontro do Copom. A declaração não ocorreu à toa: a avaliação majoritária no governo é que uma queda de 0,25 na Selic em agosto não seria suficiente.

Em entrevista a CartaCapital, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), endossou a ofensiva a Campos Neto. “Acho que a gente vai ter um desfecho positivo na semana que vem. E se não tiver, a lei impõe, e nós vamos exigir que a lei seja cumprida. O presidente do Banco Central vai ter que ir, na semana seguinte, ao Senado, explicar o inexplicável”, avaliou o parlamentar. “Ele não conseguindo explicar, e ele não tendo reduzido a taxa de juros, não tem mais sentido ele permanecer no cargo.”

Nesta semana, outros ministros se manifestaram sobre os juros. Simone Tebet (Planejamento) declarou que o atual estágio da Selic “inviabiliza o crescimento do Brasil” e também cobrou uma redução de 0,5 ponto percentual. Segundo Luiz Marinho (Trabalho), se o BC não cortar a taxa será necessário avaliar a contratação de um “psiquiatra” para Campos Neto.

Rui Costa, o chefe da Casa Civil, também disse que “0,25 p.p. não está bom, precisa de um pouco mais [de queda]”.

Enquanto isso, Campos Neto ainda enfrenta uma pressão em outra frente. O Tribunal de Contas da União abriu uma apuração sobre a declaração do presidente do Banco Central a respeito da possibilidade de terceirizar a gestão de ativos da instituição. O relator será o ministro Bemjamin Zymler.

A Corte acatou uma representação do subprocurador Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público. Na peça, ele diz que a medida mencionada por Campos Neto poderia comprometer a “soberania brasileira”.

Furtado pediu “a adoção das medidas necessárias a apurar os indícios de irregularidades noticiados a despeito do interesse do atual presidente do Banco Central em terceirizar a gestão de ativos do Banco Central, especialmente com relação à administração das reservas internacionais do Brasil”.

Ele destacou a possibilidade de a terceirização afetar o gerenciamento das reservas internacionais do Brasil, o que descreveu como “um recurso público estratégico”.

A declaração também provocou uma reação negativa na base de Lula, por receio de que as reservas internacionais brasileiras sejam administradas pela iniciativa privada. O argumento é de que gestores privados poderiam decidir onde aplicar e como especular esses recursos.

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