Economia

Se o BC não reduzir os juros, não tem sentido Campos Neto permanecer no cargo, diz líder do PT

O deputado Zeca Dirceu declarou ser capaz de ‘dar um abraço’ no presidente do Banco Central se houver queda na Selic

O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, em entrevista a CartaCapital. Foto: Reprodução
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Líder do PT na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu (PR) disse ser capaz de “dar um abraço” no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, caso o Comitê de Política Monetária decida baixar os juros na semana que vem, mas que não fará sentido mantê-lo no cargo se a queda na Selic não se concretizar.

A declaração foi concedida em entrevista ao canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 28, pouco depois de a segunda agência de classificação de risco na mesma semana elevar a nota de crédito do Brasil.

“Eu e muita gente não gostamos e não aprovamos a maneira como o presidente do Banco Central conduziu a taxa de juros ao longo desse último período, mas eu sou capaz de dar um abraço nele se ele, de fato, tomar essa decisão, junto com a diretoria do Banco Central, de reduzir os juros”, afirmou Dirceu. “O presidente Lula já nos ensinou que aquele período de ódio e de ameaças tem que ficar para trás.”

Para o deputado federal, a expectativa é de um “desfecho positivo” na reunião do Copom marcada para 1º e 2 de agosto. O evento será mais uma oportunidade para Campos Neto anunciar a redução da Selic, mantida desde agosto de 2022 em 13,75% ao ano, um dos maiores índices do mundo.

No entanto, o petista lembrou que a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara solicitou a instauração de uma investigação contra o presidente do Banco Central no Senado.

Caso os juros não sejam reduzidos, a perspectiva é de que Campos Neto seja questionado no Congresso com base na lei de autonomia do Banco Central, que prevê a exoneração do presidente da instituição em caso de “comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos” da autarquia.

“Acho que a gente vai ter um desfecho positivo na semana que vem. E se não tiver, a lei impõe, e nós vamos exigir que a lei seja cumprida. O presidente do Banco Central vai ter que ir, na semana seguinte, ao Senado, explicar o inexplicável”, avaliou o parlamentar.

“Ele não conseguindo explicar, e ele não tendo reduzido a taxa de juros, não tem mais sentido ele permanecer no cargo”, disse Zeca Dirceu. 

O petista disse considerar a atual taxa de juros “criminosa” e avaliou que razoável seria que o Banco Central tivesse feito reduções de 1 ponto percentual ao mês neste ano. A perspectiva, no entanto, é de que, se houver corte pelo Copom, o percentual anunciado esteja entre 0,25 e 0,50 ponto.

O governo sustenta que a taxa de juros atual tem inviabilizado políticas de desenvolvimento e de crédito, além de dificultar a promoção de negócios no País. O Executivo diz ainda que a Selic encarece os pagamentos de juros da dívida pública, o que consome valores bilionários do Orçamento.

Confira a entrevista de Zeca Dirceu na íntegra:

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