Economia

Brasil tem 19 milhões de pessoas em condição de pobreza nas regiões metropolitanas, diz estudo

A pobreza extrema registrou índices históricos atingiu 5,3 milhões de brasileiros

Brasil tem 19 milhões de pessoas em condição de pobreza nas regiões metropolitanas, diz estudo
Brasil tem 19 milhões de pessoas em condição de pobreza nas regiões metropolitanas, diz estudo
Foto: AFP
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Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira 8 mostra que o Brasil tem mais de 19 milhões de pessoas em condição de pobreza nas regiões metropolitanas. De acordo com a nona edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, outras 5 milhões estão abaixo da linha da extrema pobreza.

O estudo, produzido em parceria pelo Observatório das Metrópoles, a PUC do Rio Grande do Sul e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), aponta ainda que, entre 2020 e 2021, mais de 3,8 milhões de brasileiros residentes nas metrópoles entraram em situação de pobreza, o maior valor da série histórica, representando 23,7% da população metropolitana.

Os dados mostram um aumento de 7,2 milhões de pessoas nestas condições em comparação a 2014. 

“De fato, o que a gente vê é um aumento muito grande da pobreza e da extrema pobreza, que já vinha ocorrendo há alguns anos, mas houve um salto entre 2019 e 2021, passando por 2020, que é um período interessante porque está no meio da crise e ainda assim tem uma melhora de alguns indicadores, em função daquele Auxílio Emergencial de R$ 600 para mais de 65 milhões de famílias durante a pandemia de Covid-19”, explica um dos coordenadores do estudo e professor da PUC-RS Andre Salata.

Apesar do Auxílio Emergencial, a suspensão do benefício no primeiro trimestre de 2021 e a redução do número de famílias beneficiadas alavancaram a pobreza no País. “Dada essa decisão do governo, bastante equivocada, de interromper o auxílio, percebemos esse salto muito grande na taxa de pobreza e extrema pobreza. Claramente, está muito relacionado com a decisão do governo de interromper e reduzir o Auxílio Emergencial”, resume Salata.

Além disso, o estudo aponta que a retomada da economia após o período mais grave da pandemia de Covid-19 não foi o suficiente para recuperar o nível de renda das pessoas em comparação ao ganho anterior às medidas de restrições.

Em 2014, a população em condição de pobreza vivia com a renda média de 515 reais por mês. Cinco anos depois, a cifra já havia caído para 470 reais e, no contexto da pandemia, chegou a 396 reais mensais. 

As metrópoles com mais concentração de pobreza estão localizadas no Norte e no Nordeste do País. 

Com exceção de Fortaleza e Natal, que apresentam dados mais positivos, o percentual de pessoas em situação de pobreza nas regiões superou um terço da população.  A situação é alarmante na Grande São Luís e em Manaus, onde a porcentagem de pessoas na pobreza alcançou 40% da população. 

A região metropolitana de São Paulo também viveu um aumento drástico da extrema pobreza. Entre 2014 e 2021, o índice de pessoas que vivia nestas condições subiu de 16% para 23,7%. Um aumento de 7,2 milhões de pessoas em situação de pobreza.  Na região, existem mais de um milhão de pessoas em extrema pobreza. 

A pobreza extrema também registrou recorde histórico em 2021 e atingiu 5,3 milhões de pessoas no conjunto das regiões metropolitanas, o que representa 6,3% da população. Ao menos metade deste contingente entrou na situação de extrema pobreza nos últimos 7 anos.

Segundo os pesquisadores, é possível ter esperanças de melhora, já que taxa de desemprego apresenta queda, principalmente entre o grupo social de maior vulnerabilidade econômica. 

No entanto, as elevadas taxas inflacionárias do País corrói o poder de compra dos brasileiros, atingindo ainda mais os mais pobres. 

Na comparação entre 2014 e 2021, todos os estratos apresentaram redução do seu nível de rendimento médio, porém, o de menor renda foi o que teve a queda mais expressiva no conjunto: os 40% mais pobres tiveram queda de 23,1% no período. 

“Diante desse cenário, acho que o que a gente poderia ver é uma situação de uma certa retomada, mas que ainda é insuficiente para atingir os patamares que se apresentavam no período anterior à pandemia”, conclui o estudioso. “De um modo geral, a população mais pobre ainda vai passar por uma conjuntura bastante complicada em termos de renda média e poder aquisitivo até o final do ano”.

Leia a pesquisa:

BOLETIM_DESIGUALDADE-NAS-METROPOLES_09-1

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