Economia

BC eleva projeção de crescimento do PIB para 2,9%, mas prega ‘cautela’ com quadro fiscal

Relatório do órgão aponta surpresa com crescimento no segundo trimestre, mas ressalta que país deverá ter ‘desafios fiscais’ pela frente

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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O Banco Central (BC) está mais otimista sobre o crescimento da economia brasileira em 2023. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo órgão nesta quinta-feira 28, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer 2,9%. A projeção anterior era de um crescimento de 2%. 

A estimativa é levemente inferior ao cálculo apresentado pelo Ministério da Fazenda, que espera que o país cresça 3,2% em 2023, mas praticamente a mesma da última edição do Boletim Focus, que projeta um crescimento de 2,92% do PIB no ano.

O BC destacou que “a atividade econômica surpreendeu novamente no segundo trimestre ao crescer 0,9%“, mas ponderou que “o forte crescimento” no período se deve a “fatores transitórios”. Por isso, o órgão projeta que a atividade econômica do país “cresça em ritmo menor nos próximos trimestres e ao longo de 2024”. De acordo com o relatório, o PIB do país deverá crescer 1,8% em 2024.

O receio sobre o crescimento das economias – incluindo o Brasil – no futuro se deve a uma ambiente externo “mais incerto”, segundo o BC. Há temores sobre a crise no setor imobiliário da China, que representa cerca de um quarto do PIB chinês e dois terços das riquezas das famílias. Some-se a isso “a alta dos juros de longo prazo nas principais economias”, de acordo com o relatório.

Aumento da inflação ocorre dentro do esperado

O documento do Banco Central manteve, em comparação à edição anterior, a projeção sobre a inflação no país: 5% em 2023. Nesta semana, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação do país, ficou em 0,35% em setembro. Nos últimos doze meses, o IPCA-15 está exatamente em 5%, o mesmo percentual projetado pelo BC para 2023.

Para 2024, houve leve aumento na projeção da inflação, segundo o relatório do BC, passando de 3,4%, no relatório anterior, para 3,4%. Já para 2025, a projeção é de uma inflação de 3,1%. O Brasil adota, há anos, o regime de metas, que serve como instrumento para controlar a inflação. Nos próximos anos, a meta de inflação será de 3%, com teto de 4,5%.

Quadro fiscal pede cautela

No relatório divulgado hoje, o BC considerou que o “o quadro fiscal inspira cautela”. O órgão destacou que, entre o último relatório e hoje, o país aprovou definitivamente o arcabouço fiscal e a reforma tributária na Câmara dos Deputados. Ainda assim, segundo a instituição, “persiste alguma incerteza entre os agentes econômicos”.

As dúvidas dizem respeito à capacidade que do país de superar os “desafios fiscais”. O principal deles, segundo o órgão, é se o país terá  um “resultado primário nulo em 2024, que depende de aumento de receitas”. 

Em resumo, o resultado primário é obtido quando se calcula as receitas e as despesas primárias do governo, excluindo os juros nominais que incidem sobre a dívida. É por meio do resultado primário que o governo, a sociedade, os agentes econômicos e o mercado podem saber qual é o impacto da política fiscal nas contas públicas.

O novo arcabouço fiscal, por exemplo, estabelece uma meta de resultado primário zero para o próximo ano. Essa foi a forma encontrada pelo governo para buscar equilíbrio nas contas públicas. O relatório destaca, entretanto, que ainda há um desalinhamento entre a meta anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o mercado financeiro.

Antes das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), agentes do mercado respondem questionários, nos quais apontam as suas estimativas sobre os principais índices econômicos do país. A mediana do mercado para o resultado primário do governo em 2024 é de um déficit de 84 bilhões de reais, o que pode representar 0,7% do PIB. O governo, como mencionado, tem uma meta de 0%.

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