Economia
Banco Central de Campos Neto aplica a política de Paulo Guedes, diz presidenta do PT
Manutenção da taxa de juros no índice atual ‘é um crime contra o País’, criticou Gleisi Hoffmann
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, reforçou nesta quinta-feira 9 as críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. No centro da insatisfação do governo Lula (PT) está a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
“Essa discussão não é sobre uma pessoa, mas uma política monetária. O que o BC aplica hoje não é a política vitoriosa nas urnas, mas a política de Paulo Guedes”, afirmou Gleisi à CNN Brasil. “Não há justificativa, pela realidade econômica do País hoje, para ter juros a 13,75%, nem para a meta da inflação ser fixada em 3%, uma meta inexequível.”
Gleisi também criticou a reação de setores do mercado às manifestações do governo Lula sobre o Banco Central. Segundo ela, é necessário encerrar o “tabu” em torno do debate a respeito de política monetária, um tema “essencial para o crescimento do País”.
“Qual a justificativa para o Brasil ter essa taxa, a não ser impedir o crescimento econômico e a geração de empregos? Não podemos permitir isso”, prosseguiu. “Uma coisa é o Banco Central ter sua autonomia, outra é ir contra o desenvolvimento brasileiro.”
Apesar das críticas, o Banco Central sinaliza a disposição de manter os juros elevados. Na ata da mais recente reunião do Copom, em 1º de fevereiro, a instituição mencionou “a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva”. Avaliou, porém, que o pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”.
“O Banco Central resolve manter a taxa em 13,75% e diz que vai deixar até o fim do ano? Isso é um crime contra o Brasil. Não leva em consideração nada, nem os esforços que vão ser feitos pelo governo”, emendou Gleisi Hoffmann.
Também nesta quinta, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) protocolou um requerimento de convocação de Campos Neto à Câmara.
No documento, Lindbergh argumenta que a política monetária tem impacto direto nos investimentos, no crescimento do PIB e na geração de empregos. Por isso, diz o deputado, “é necessário que o presidente do Banco Central preste esclarecimentos a essa Casa sobre a política monetária adota, o diagnóstico considerado e os objetivos a serem perseguidos”.
Para que Campos Neto seja obrigado a se explicar no plenário, porém, Lindbergh precisa do apoio da maioria da Câmara. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), também precisa ser convencido a colocar o requerimento em votação.
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