Economia

As Bolsas estão em ritmo otimista de novo

O índice FTSE 100 está bem próximo de seus picos inebriantes de 1999; mas lembrem-se do estouro das pontocom

Corretores trabalham na Bolsa de Nova York na segunda-feira 27. As coisas estão melhorando...
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Por Nick Fletcher, correspondente de mercados

Projete sua mente de volta ao final do último milênio e à ascensão das pontocom. As empresas eram lançadas na Bolsa geralmente com muito pouco no que se refere a vendas, quanto menos lucros. Era um “novo paradigma”, segundo Martha Lane Fox, da Lastminute.com. Mas a venda da Lastminute em março de 2000 se mostrou praticamente o último “hurra”, e o FTSE 100, que atingiu um pico de 6930 no final de dezembro de 1999, despencou no ano seguinte. O sucesso se tornou estouro.

Treze anos depois, o FTSE 100 está mais uma vez diante desses picos de todos tempos e a febre dos lançamentos voltou. O índice chegou a 65 pontos de seu recorde na semana passada, antes que os investidores tivessem uma leve crise nervosa. As Bolsas foram sustentadas pelo monte de dinheiro atirado pelos bancos centrais, notadamente o Federal Reserve dos Estados Unidos, em seus esforços para evitar que a economia global deslize para o abismo.

Até agora esses esforços parecem estar funcionando. E com sinais de otimismo sobre o crescimento global, incluindo dados positivos recentes da China, dos EUA e do Reino Unido, e mesmo da problemática Zona do Euro, a maioria dos observadores acredita que em 2014 veremos novos picos das ações. UBS e Killik, por exemplo, estão prevendo que o FTSE 100 alcançará 7400 até o final do ano, enquanto o Citigroup admite que poderá passar dos 8000. Até a perspectiva de um fim do estímulo do banco central não parece encerrar tanto medo quanto já fez.

O Federal Reserve começou a podar, ou “reduzir”, seu programa de compra de títulos no mês passado, cortando as compras mensais em 10 bilhões para 75 bilhões de dólares, mas o mercado recebeu a notícia sem sobressaltos. Philip Shaw, da Investec, disse: “As Bolsas não são mais perturbadas pelos cortes do Fed. De fato, o S&P 500 atingiu picos repetidos desde que o Fed anunciou uma redução em seu programa de compra de ativos em 18 de dezembro”.

E, com o baixo rendimento dos títulos, as taxas de juros em virtualmente zero, os preços dos metais preciosos despencando, há poucas opções além da Bolsa para os investidores que buscam aplicar seu dinheiro. Esse monte de dinheiro em busca de uma casa será reforçado em março, quando cerca de 50 bilhões de libras forem devolvidas aos investidores da Vedafone, depois da venda da participação do grupo de telefonia celular na joint venture norte-americana Verizon Wireless.

Por isso não é de surpreender que esse clima entusiástico tenha incentivado os donos de empresas – desde firmas familiares até companhias controladas por capital privado ao governo britânico – a aderirem à corrida ao mercado. No ano passado, 105 empresas entraram no mercado principal e no menor Aim, o maior número desde 2007, levantando 15,7 bilhões de libras entre todas. Esure, Foxtons, Merlin Entertainments e – é claro – Royal Mail são recém-chegadas e a onda de lançamentos cresce dia a dia.

Mas talvez não seja tão simples navegar. O fim do estímulo do banco central, quando finalmente chegar, poderá ser mais perturbador do que se esperava, especialmente para os mercados emergentes. Problemas cambiais na Argentina poderão ter um efeito animador em outros lugares, enquanto sempre há espaço para decepção se o crescimento global não cumprir as expectativas.

Uma potencial bolha da habitação no Reino Unido poderá guardar problemas para o futuro. Preocupações geopolíticas também não devem ser subestimadas, seja referentes à Síria, ao Irã ou mesmo ao Japão, cujo primeiro-ministro, Shinzo Abe, levantou a perspectiva em Davos na semana passada de um possível conflito entre seu país e a China. Mas por enquanto os touros estão em ascensão e as empresas privadas cavalgam a onda. Apenas tome cuidado se alguém usar a expressão “novo paradigma”.

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