Economia

A Semana do Mercado: inflação no Brasil e política monetária na Europa dominam as atenções

A taxa de inflação de agosto, que o IBGE informa na sexta 9, balizará as expectativas do mercado sobre o futuro da política monetária do BC

A sede do Banco Central, em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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A divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de inflação mirado pelo Banco Central, e a reunião de política monetária do BC Europeu são os dois eventos mais importantes de uma semana de fraca liquidez por causa dos feriados Dia do Trabalho, nesta segunda-feira 5, nos Estados Unidos, e o Dia da Independência, 7 de Setembro, no Brasil.

A taxa de inflação de agosto, que o IBGE informa na sexta 9, balizará as expectativas do mercado sobre o futuro da política monetária do BC, se os agentes e investidores vão apostar em nova alta da taxa básica, a Selic, ou na sua manutenção no patamar atual de 13,75 a.a. na reunião do Comitê de Política Monetária deste mês (dia 21).

O Relatório Focus divulgado nesta manhã mostrou projeções dos economistas de mercado pesquisados semanalmente pelo BC e trouxe nova redução das expectativas de inflação para este ano e o próximo: respectivamente, 6,61% ante 6,70% na semana passada, e 5,27% frente aos 5,30% anteriores. Há um mês, os economistas projetavam uma inflação de 7,11% para 2022 e 5,36% para 2023. Coerentes com essas estimativas de inflação, os economistas da pesquisa Focus mantiveram a expectativa de Selic a 13,75% até o final do ano, porém subindo de 11,00% para 11,25% no de 2023 e permanecendo em 8,00% em 2024.

Na semana passada, taxas futuras de juros recuaram ao longo de toda a curva, isto é, em todos os prazos de vencimento dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI), que indica o custo do dinheiro nas transações entre bancos e serve de base para as taxas de juros de empréstimos e financiamentos a pessoas e empresas, assim como a curva dos juros reais, expressa nas taxas dos títulos públicos indexados à inflação, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B).

Analistas atribuem esse movimento descendente dos juros especialmente à queda nos preços dos combustíveis e seu efeito sobre a inflação. “O efeito é de queda na inflação corrente e esperada, que consequentemente leva a uma expectativa menor em relação aos juros praticados no País”, assinala relatório da XP Investimentos.

“A leitura (do IPCA de agosto) vai mostrar deflação de preços em combustíveis, eletricidade e comunicações, ainda refletindo redução de impostos e cortes feitos pela Petrobras em julho e agosto”, diz Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú. Pelos cálculos do banco, só a redução no preço dos combustíveis deve ter um impacto de -0,74 ponto percentual no índice. Considerando os preços definidos pelo mercado, alimentação em casa deve desacelerar por causa dos preços do leite. Já o núcleo da inflação de serviços, como alimentação fora de casa e aluguéis, deve se manter em níveis elevados, mas sem acelerar de forma muito aprofundada. A inflação de bens deve seguir mostrando tendência de desaceleração, segundo Mesquita.

A média da projeção dos economistas consultados pela Refinitiv aponta para mais uma deflação, a segunda consecutiva, desta vez de -0,39%. Assim sendo, na comparação anual, o IPCA desaceleraria de 10,1% (de julho) para 8,71%.

Na agenda internacional, destaca-se a reunião do Banco Central Europeu, que termina na quinta 8 com mais uma decisão sobre taxa de juros.

“A inflação elevada na área do Euro deverá levar a autoridade monetária a continuar o ciclo de aumento de juros, acelerando o passo para uma alta de 0,75 ponto percentual”, preveem os analistas do Bradesco. Ante essa perspectiva, os rendimentos dos títulos soberanos europeus subiam nesta segunda-feira: o Bund alemão de dez anos subia de 1,521% do fechamento anterior para 1,561%, enquanto o rendimento do título italiano para o mesmo vencimento subia de 3,837% para 3,929%, e o gilt britânico, também de dez anos, de 2,919% para 2,948%.

Também pesavam o agravamento da crise energética da Europa, após a Rússia anunciar, na sexta-feira, que só retomará o fluxo de fornecimento de gás com o fim das sanções impostas ao país, e a decisão de corte na produção de petróleo por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulgada hoje cedo. As bolsas europeias operavam em expressiva baixa desde a abertura dos pregões, com algumas praças registrando perdas acima de 2%.

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