Economia

A Semana do Mercado: China, Fed e eleições movimentam as bolsas

O primeiro debate entre Lula e Bolsonaro, ontem à noite, foi visto por analistas e agentes do mercado como um não-evento

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Nelson Almeida/AFP
Apoie Siga-nos no

Afora uma enxurrada de dados na China, incluindo o PIB, a produção industrial, vendas no varejo e os números da balança comercial, que devem repercutir nas commodities, a agenda econômica da semana é marcada pelo início da temporada de balanços do terceiro trimestre nos EUA.

Por aqui, a Vale, carro chefe da Bolsa, divulgará hoje sua prévia operacional, após o fechamento dos mercados. A má notícia é que o minério de ferro caiu ao menor preço desde 2021, esta manhã, nos mercados internacionais, como reação ao discurso do presidente Xi Jinping, na abertura do Congresso do Partido Comunista da China, que não ofereceu nenhuma perspectiva imediata de mudanças nas políticas de Covid zero, responsáveis pela deprimida demanda por aço no ano passado. 

Os balanços competem com pronunciamentos de diversos governadores distritais do Federal Reserve, o Fed, banco central norte-americano, depois que o índice de inflação ao consumidor de setembro veio acima das estimativas. A expectativa dos mercados é que os dirigentes adotem um tom mais duro sobre o combate à alta dos preços no país e sinalizem nova elevação da taxa básica de juros.

Na quarta-feira, será divulgado o Livro Bege, relatório sobre as condições econômicas nos distritos do Fed. Pesquisa da agência Bloomberg com 42 economistas aponta 60% de chance de recessão nos EUA em 12 meses em razão do aperto monetário do Federal Reserve. 

Na zona do euro, serão divulgados o índice de percepção da economia, amanhã, e de confiança do consumidor.

No Brasil, nenhum indicador mais relevante, exceto o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma antecipação do PIB, que caiu 1,13% em agosto na comparação com julho – muito abaixo do que o mercado esperava (-0,5%). Já o Boletim Focus desta manhã veio sem novidades: os economistas do mercado financeiro continuam com a expectativa de inflação menor para 2022, assim como a de alta para Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.

A projeção para o IPCA deste ano passou de 5,71%, há uma semana, para 5,62%. Para 2023, recuou de 5,00% para 4,97%. Já para 2024, caiu de 3,47% para 3,43% – segunda semana de queda, enquanto que a expectativa de crescimento do PIB subiu de 2,70% para 2,71% neste ano e também foi elevada, de 0,54% para 0,59%, em 2023 (terceira semana seguida de alta).

Assim, a emoção tende a ficar para os movimentos no exterior e o noticiário político, com suas pesquisas e lances da campanha eleitoral. No primeiro debate entre os candidatos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, ontem à noite, foi visto por analistas e agentes do mercado como um não-evento.

No geral, o mercado prefere Bolsonaro. Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da plataforma Escola de Investimentos, explica que o mercado “sente-se mais confortável com Bolsonaro, pois conhece os posicionamentos” da política fiscal, enquanto “Lula segue como incógnita, já que não oficializou nenhum nome da equipe econômica”.

Na mesma linha, Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, acredita que, sem conhecer nomes para poder avaliar históricos, o mercado não “pode interpretar se Lula vai ter uma política voltada ao social, em que gastos podem ultrapassar o orçamento ou se irá adotar uma linha pró mercado”.

Para Pedro Menin, sócio-fundador da empresa de agentes autônomos Quantzed (que opera para o Banco BTG) o “grande medo” é o desconhecimento da equipe de Lula. 

Já Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil (agente autônomo contratado da XP Investimentos), acredita que o cenário já está precificado tanto com Lula quanto com Bolsonaro eleito.

Muito do que pode acontecer nos investimentos de renda variável já está no preço, porém o mercado costuma exagerar na precificação de cenários, sejam eles positivos ou negativos, o que provavelmente levará a uma euforia no dia após o resultado e, consequentemente, a um ajuste de expectativas.”

Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed, também acha que, com Congresso e Senado de maioria centro-direita, qualquer dos candidatos ganhando, a bolsa deve acabar reagindo bem, com as estatais Petrobras e Banco do Brasil desempenhando melhor. Enquanto, com Lula, o setor educacional é que seria uma boa aposta. “Lula pode voltar a fortalecer a questão do FIES, o que acaba ajudando esse setor.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo