Apesar do retorno ao mercado de trabalho, no ano passado, de 8,7 milhões de brasileiros que haviam perdido a ocupação desde o início da pandemia, o salário médio no terceiro trimestre de 2021, em vez de subir, caiu 11% em relação àquele do mesmo período de 2020. Por sua vez, a massa salarial, de 225 bilhões de reais, “não teve variações estatisticamente significativas”, segundo a Pnad Contínua divulgada pelo IBGE. Os dados da pesquisa deixam evidente o colossal arrocho salarial provocado, em boa medida, pela reforma trabalhista implantada no governo Michel Temer em 2017 e aprofundada por Bolsonaro, que retirou direitos, asfixiou os sindicatos e travou o mercado consumidor. “É brutal a queda da massa salarial. Você coloca mais 8,7 milhões a trabalhar e a massa salarial cai, pois o volume daqueles que estão vindo para o mercado de trabalho não é suficiente para compensar o arrocho provocado em grande parte pela rotatividade”, dispara o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, Assessor do Fórum das Centrais Sindicais.
No centro da discussão política desde que Lula prometeu rever vários pontos caso vença as eleições, a reforma trabalhista será decisiva também para mudar o rumo da economia. O Brasil é o segundo país com a maior proporção de trabalho informal no mundo, atrás só da Colômbia, segundo a OCDE, e deverá voltar ao número astronômico de 14 milhões de desempregados neste ano, conforme previsão da OIT. O País deverá ter ainda a terceira pior taxa de expansão do PIB, de acordo com estimativa da ONU, e caiu da terceira posição, em 2013, para a décima colocação no levantamento de preferência de investimentos entre presidentes de empresas mundiais organizado pela consultoria PwC. Com a campanha presidencial, os debates sobre a reforma tendem a esquentar. Pouco depois de Lula e as centrais sindicais proporem a revogação ou revisão da reforma aprovada em 2017, Bolsonaro saiu em sua defesa, assim como o seu criador, o ex-presidente Temer.
SOMOS O SEGUNDO PAÍS COM A MAIOR PROPORÇÃO DE TRABALHO INFORMAL NO MUNDO