Diversidade

Por que é importante ter orgulho LGBT+?

Criminalizar a LGBTfobia é um passo importante, mas não muda a cultura homofóbica que se tem no Brasil

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Junho de 2019 é um mês histórico para o movimento LGBTQ+, principalmente no Brasil. No ano em que se comemora 50 anos da Revolta de Stonewall, que aconteceu em Nova York e é considerado um marco do movimento, o STF reconhece a demora por parte do Legislativo brasileiro em resolver a questão da homotransfobia e a transforma em crime, equiparando ao racismo. Enquanto isso, o país é protagonista da maior parada do orgulho LGBT do mundo, que neste ano está mais política do que nunca.

Isso porque passamos por tempos difíceis para quem não se encaixa na heteronormatividade. No comando do país que mais mata, em números absolutos, pessoas LGBTs no mundo, temos um presidente da república que se autoproclama homofóbico. “Ser gay é falta de porrada”, disse ele ainda quando era parlamentar.

Com as recentes conquistas parece que estamos quase lá, mas não, o caminho ainda é muito longo. Segundo um relatório divulgado neste mês pelo Grupo Gay da Bahia, o Brasil registra uma morte por homofobia a cada 23 horas. De janeiro até maio deste ano já foram registradas 141 mortes, todas elas por motivos de ódio.

Quando se trata da letra T da sigla, o cenário é ainda pior. Segundo dados da ONG Transgender Europe, o Brasil segue no primeiro lugar do ranking mundial de assassinatos de pessoas trans. Além de não terem direito à vida, as pessoas trans no Brasil são jogadas na prostituição por falta de oportunidade.

 

Estimativa feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), com base em dados colhidos nas diversas regionais da entidade, mostra que 90% das pessoas trans recorrem à prostituição por falta de oportunidade no mercado de trabalho.

Sem trabalho e sem dignidade, às pessoas trans no Brasil lutam também – acreditem se quiser – para conseguirem usar o banheiro. Há muitos lugares no Brasil que proíbe uma pessoa de escolher o gênero do banheiro que quer utilizar e a obriga usar aquele que seja compatível com seu órgão genital, uma clara violação do direito humano. Há uma ação no STF sobre isso que se encontra parado depois que o ministro Luiz Fux pediu vista.

Com esse cenário, é impossível dizer que vivemos em tempos de glória para o movimento LGBT. Criminalizar a LGBTfobia é um passo importante, mas não muda a cultura homofóbica que se tem no Brasil.

Essa cultura se muda pela educação, mas enquanto isso nosso presidente e seus partidos aliados, maioria deles com bases evangélicas, criam uma teoria de “ideologia de gênero” para que o pensamento homofóbico continue a existir em nossa sociedade.

Quando falamos em orgulho, não é sobre egocentrismo, é sobre olhar para tudo isso e querer continuar lutando. É arregaçar as mangas e ir para ruas defender os direitos daqueles que lutam para sobreviver. Não há democracia sem que as diferenças sejam respeitadas. Não há como viver em um país no qual uma pessoa morre apenas por existir.

O momento é de luta, todas as lutas, e todas juntas. Não vamos soltar a mão de ninguém, senão esse alguém pode morrer. Carta Capital apoia o movimento LGBT e luta para que um dia possamos viver uma democracia plena, na qual todas e todos tenham, de fato, os mesmos direitos.

Não é por falta de porrada, é por falta de inclusão e de oportunidade. Viva o amor, vivas as diferenças, viva a luta LGBT+

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