Diversidade

João de Deus vira réu por abusos sexuais e é alvo de novas acusações

Ministério Público também vai investigar o médium por tráfico internacional de bebês e escravização de mulheres 

(Foto: Marcelo Carmargo)
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João de Deus, preso provisoriamente em Goiânia, se tornou oficialmente réu nesta quarta-feira (9)  pelos crimes de estupro de vulnerável e violação sexual. A juíza Rosângela Rodrigues do Santos, responsável pelo caso, publicou hoje a abertura do caso, que corre em segredo de justiça.

O médium é acusado por dezenas de mulheres de cometer os abusos durante tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde fazia atendimentos, e sempre negou os crimes.

A defesa do médium, feita pelo advogado criminalista Alberto Toron, nega as acusações, e afirmou que ainda não tomou conhecimento da decisão da Justiça.

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A partir de agora começa a correr o prazo de dez dias para a apresentação da resposta da defesa. Eles poderão rebater a acusação (que agora é formal) e chamar testemunhas para sua defesa.

Embora diversas denúncias tenham vindo à tona, esta acusação acatada pela juíza se refere a quatro vítimas, com relação aos crimes de violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável.

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Preso provisoriamente desde de 16 de dezembro em Goiânia, João de Deus está sendo ouvido nesta semana por outra acusação, envolvendo o porte ilegal de arma, em investigação aberta pela Polícia Civil, que encontrou armas em seu domicílio na operação de busca apreensão, quando sua prisão foi decretada.

Tráfico internacional de bebês e escravização de mulheres

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Além das acusações de abuso sexuais, na última semana o médium virou alvo de novas denúncias, agora envolvendo tráfico internacional de bebês e escravização de mulheres.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) encaminhou nesta segunda-feira (7) ao Ministério Público Federal um pedido para que as novas denúncias sejam investigadas.

O caso ganhou repercussão a partir do vídeo da ativista Sara Bittencourt, integrante da força-tarefa “Somos Muitas”, grupo que apura violências praticadas contra mulheres, e que deu visibilidade às denúncias de abuso sexual contra João de Deus, no ano passado.

No vídeo com as novas acusações, a ativista diz ter reunido relato das mães adotivas em diversos países, e afirma que mulheres eram forçadas a engravidar em troca de abrigo e comida, e que há pelo menos 20 anos João de Deus “integra uma quadrilha e tráfico internacional de bebês e escravização de mulheres”.

Os bebês, ainda segundo Sabrina, seriam comercializados com famílias estrangeiras a valores entre 20 mil dólares e 50 mil dólares. A venda, ela diz, era “intermediada por guias turísticas espirituais, ex-funcionárias e cidadãos de Abadiânia que já estariam fartos de ser coniventes, mesmo que sofrendo coação, com a quadrilha de João de Deus”.

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