Cultura

Hamilton de Holanda faz conexão definitiva do choro com samba e jazz

Último disco do bandolinista é mais jazzístico, mas não abre mão do samba

O músico Hamilton de Holanda (Foto: Dani Gurgel/Divulgação)
Apoie Siga-nos no

Foi em um evento no final do ano passado, em frente ao Conjunto Nacional na Avenida Paulista, em um domingo, quando a via se torna área de lazer, que o Hamilton de Holanda subiu ao palco com Daniel Santiago (violão), Edu Ribeiro (bateria) e Thiago Espírito Santo (baixo).

O bandolinista resume o show: “Momento indescritível”. A energia proporcionada por aquela apresentação foi o pontapé inicial para o quarteto gravar um dos grandes discos instrumentais do ano, o Harmonize.

A formação de quarteto no álbum remete ao quinteto Brasilianos, liderado por Hamilton e que lançou três ótimos discos entre 2006 e 2011.

Do Brasilianos ficou apenas Daniel, entrando Edu e Thiago para compor a banda. Ele considera a formação de Brasilianos emblemática e essencial à sua carreira – o quinteto, além de Daniel, contava com André Vasconcellos (baixo), Márcio Bahia (bateria) e Gabriel Grossi (gaita).

Nessa nova fase em grupo, caracterizada no álbum Harmonize, Hamilton de Holanda Quarteto mostra um tom bem jazzístico.

O mestre do improviso

“Minha música tem aproximação com o solo, com a improviso, a possibilidade de fazer uma frase diferente. O jazz proporciona isso”, diz, comparando com o choro, que também tem essa liberdade.

“Nos mais de 15 anos de viagens pelo mundo, a maioria dos shows que faço é em festival de jazz. Quero cada vez mais estreitar essa relação”.

O Harmonize mantém relação também com o samba em algumas composições, criando uma conexão definitiva do bandolinista, de formação ligada ao choro, com o samba e o jazz.

O Harmonize tem dez faixas e reúne músicas autorais novas e antigas de Hamilton. A primeira música é uma parceria com o sambista Thiago da Serrinha. A quinta faixa é uma homenagem a Arlindo Cruz. A seguinte chama-se Samba Blues, com a participação do arcodeonista Mestrinho.

“Comecei tocando choro. E ele tem ligação com o samba. Sou desse universo”.

E vai mais além: “O que me encanta no samba é a altivez. Você vê muita letra de samba que fala de morte, tristeza, mas com olhar de enfrentar a situação, com a percussão sempre para frente. A letra fala de algo difícil, mas o batuque diz que o coração está batendo, a vida segue. Esse espírito do samba me encanta”.

Participação no novo disco de Zeca Pagodinho

No novo álbum de Zeca Pagodinho, lançado no último dia 17, o sambista regravou Apelo (Baden Powell, Vinicius de Moraes), com a participação de Hamilton e Yamandu Costa. O bandolinista revela que a obra-prima da dupla foi a primeira música que aprendeu a tocar na vida.

O álbum Harmonize expõe novamente o virtuosismo de Hamilton de Holanda e a relação da música instrumental com a natureza e o contentamento.

 O bandolinista está no 38º álbum na carreira. Diz que todo dia faz criação nova e a reúne em seu banco de composições, com pé na tradição e um olhar no futuro, para registrar a “música de hoje”. É o seu exercício de criação.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo