Cultura

França a Itália disputam para comemorar Leonardo da Vinci

A França tenta apropriar-se do legado do gênio italiano, nos 500 anos de sua morte. Mas a Toscana responde com grande programação

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Uma batalha histórica será travada nos próximos meses entre França e Itália, mas, ao contrário dos conflitos do passado, se tiver que verter alguma coisa, será vinho, não sangue. O pretexto são os 500 anos do Renascimento, data meio arbitrária que pelo menos evoca o gênio dos gênios do período, Leonardo da Vinci, morto em maio de 1519.

Leonardo viveu seus últimos três anos no castelo de Amboise, a convite de Francisco I

Mais arbitrária ainda, hão de reclamar os italianos, é a decisão dos franceses de se apropriarem do multimídia toscano como se fosse um de seus, aproveitando-se da circunstância de Da Vinci ter passado seus últimos três anos de vida como pensionista de Francisco I e de ter morrido num puxadinho – Clos Lucé – do castelo real de Amboise, no Vale do Loire.

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O turismo francês, aliás, entrou agressivamente no tema Renascimento, tanto que agregou ao pacote Da Vinci outro personagem de origem meridionale que, assim como o pluriartista, foi dar com seus costados na França: Catarina de Medici, de berço florentino, como indica o nome, filha de Lorenzo II e rainha da França de 1547 a 1559 pelo seu casamento com Henrique II. Catarina nasceu em abril de 1519, poucos dias antes da morte de Da Vinci.

Para não ficar excessivamente escandalosa a apropriação e conferir algum sotaque local ao cardápio, a França incorporou às celebrações renascentistas a instalação da pedra fundamental do castelo de Chambord, a mais luxuosa das residências monárquicas do Loire.

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A Itália naturalmente também se prepara para brindar Leonardo com uma programação extensa e o melhor Chianti da Toscana. O circuito começa em Vinci, a uma hora de Siena, cujo Museu Leonardiano mantém em sua biblioteca uma das coleções mais extensas e originais, com manuscritos, desenhos, invenções e obras literárias de Leonardo da Vinci – inclusive as reproduções de sua bicicleta e da precursora “máquina voadora”.

A cinco minutos de Vinci, na aldeia de Anchiano, fica a casa onde Leonardo nasceu. Mas o epicentro dos festejos do quinto centenário de morte do mestre será, muito adequadamente, Florença, onde floresceram tanto a arte de Da Vinci quanto o melhor do Renascimento. No Museu Leonardo da Vinci, próximo ao centro histórico e à Catedral Santa Maria del Fiore, 40 máquinas construídas em tamanho real dão vida a projetos do visionário artista e arquiteto.

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