Cultura
Bem antes das hashtags
Começar um livro pelo índice é, para Dennis Duncan, como entrar em um palácio pela latrina. Mas é a eles que o pesquisador dedica seu tempo
Um índice é uma ferramenta esdrúxula: ele nos permite entrar furtivamente em um livro pelo final, economizando o tempo que levaríamos para avançar no texto desde o início. Jonathan Swift, citado por Dennis Duncan em Índice, Uma História do, seu espirituoso e amplo estudo sobre o assunto, compara os leitores que usam esses atalhos a viajantes que entram em um palácio pela latrina.
Em duas outras anedotas, Duncan identifica o índice remissivo como um esconderijo conveniente para acadêmicos traidores. Na década de 1690, uma facção sarcástica da Christ Church, em Oxford, difamou o grande filólogo Richard Bentley imitando um índice que remetia a páginas sobre “sua iminente monotonia” ou “seu relacionamento familiar com livros que nunca viu”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.