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‘Tem suspeitas de fraude? Traga as provas’, desafia Gilmar Mendes

Na entrevista, o ministro também fez uma avaliação pública do enfrentamento da pandemia feito pelo governo federal

O ministro Gilmar Mendes, do STF. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes em entrevista recente concedida à revista Veja, desafiou o presidente Jair Bolsonaro a apresentar provas de que as urnas eletrônicas são fraudáveis.

“Tem suspeitas de fraude? Traga as provas e vamos discutir isso publicamente”, afirmou o ministro. “Essa gente [que alega fraude nas urnas eletrônicas] dialoga um pouco com aqueles que dizem que o homem não foi à lua, que a Terra é plana e que a cloroquina salva”, conclui.

Na conversa, o ministro também fez uma avaliação pública do enfrentamento da pandemia feito pelo governo federal. Para ele, a gestão da Saúde feita pelo presidente pode ser considerada praticamente um genocídio.

“Acabamos produzindo um megadesastre sanitário. Se não é um genocídio, é uma mortandade em grande escala que poderíamos ter evitado”, destaca. “No grupo de conselheiros do presidente havia pessoas que diziam que a doença era uma gripezinha, que todas as medidas sanitárias recomendadas eram exageradas. E ainda havia o gabinete paralelo, os magos da cloroquina, todo um contexto sem base científica alguma”, explica.

O ministro não deixou claro se acredita ou não no impeachment de Bolsonaro, mas disse que, para além da discussão do afastamento do presidente, defende um novo modelo de governo no Brasil.

“Toda vez que alguém fala em impeachment trago como contraproposta o semi-presidencialismo, um regime em que o presidente seria o exercente de um poder moderador, temperaria as refregas políticas, mas, em caso de uma crise, sofreria o voto de desconfiança. Elege-se um novo governo, o assunto se encerra e a vida segue sem maiores traumas”.

O modelo também foi defendido recentemente pelo também ministro do Supremo, Luis Roberto Barroso.

Mendes ainda avaliou positivamente a CPI da Covid no Senado e teceu fortes críticas à Lava-Jato e à atuação política do Judiciário, o que chamou de “delírio”.

“A politização da Justiça levou Sergio Moro a vir para o governo federal imaginando-se também candidato e estimulou um juiz do Rio a imaginar eleger a mulher prefeita. Todos esses delírios felizmente estão sendo sepultados. Os fatos revelados pela Vaza-Jato nos entristecem, nos enchem de vergonha. O Judiciário sai muito mal desse episódio. Certamente ninguém hoje quer ser sócio da Lava-Jato”, afirma o ministro.

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