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Quem são os ‘kids pretos’, grupo militar alvo de operação da PF
Um dos representantes do grupo, o coronel da reserva Marcelo Câmara, foi preso na operação por suspeita de participação na organização criminosa que tentou um golpe de Estado


A operação da Polícia Federal que investiga uma intentona golpistas nas eleições presidenciais de 2022 também mira os ‘kids pretos’, uma espécie de ‘apelido’ para os militares do Comando de Operações Especiais, o Copesp, subordinado ao Comando Militar do Planalto.
Os agentes são considerados a elite de combate do Exército e recebem treinamento qualificado em ações de sabotagem e de incentivo à insurgência popular. Nas operações, vestem gorros na cor preta, o motivo do apelido.
O grupo atua em ataques a pontos sensíveis da infraestrutura, como torres de transmissão elétrica, pontes e aeroportos. Entre os lemas desse grupo está “qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora e de qualquer maneira.”
Um dos representantes do grupo, o coronel da reserva Marcelo Câmara, foi preso na operação suspeito de participar da organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e na abolição do Estado Democrático de Direito. Ele também já era investigado por fraude no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro.
Para além dele, no entanto, há indícios de envolvimento de outros ‘kids pretos’ nos atos golpistas em Brasília, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.
Em 12 de dezembro, por exemplo, bolsonaristas protestaram contra a detenção de um líder indígena apoiador do ex-presidente e incendiaram ônibus, automóveis e uma viatura dos Bombeiros. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) detectou que entre os xavantes havia três ‘kids pretos’ infiltrados.
No episódio do 8 de janeiro, o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, um ‘kid preto’, aparece enrolado na bandeira do Brasil enquanto os manifestantes golpistas agem atrás dele na Praça dos Três Poderes.
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