CartaExpressa
PF reuniu provas de que Bolsonaro tinha conhecimento sobre a venda ilegal de joias nos EUA, diz jornal
Ex-capitão teria dado aval para que seus auxiliares negociassem os itens recebidos enquanto era presidente


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha conhecimento da venda ilegal de joias nos Estados Unidos. A conclusão é da Polícia Federal que, segundo o jornal O Globo desta quarta-feira 5, reuniu provas suficientes para apontar a participação do ex-capitão no esquema.
As joias em questão foram recebidas por Bolsonaro enquanto era presidente. Pelo alto valor dos itens, o Tribunal de Contas da União decidiu que elas deveriam compor o acervo da Presidência e não serem levadas pelo ex-presidente como itens pessoais ou personalíssimos, como costuma justificar Bolsonaro em sua defesa no caso.
Acontece que, antes mesmo do tribunal chegar a essa conclusão, auxiliares de Bolsonaro já teriam vendido, ilegalmente, parte das joias nos Estados Unidos. Outros itens ainda estavam em negociação. Tudo, segundo as provas reunidas pelos investigadores, aconteceu com o conhecimento e aval de Bolsonaro.
Em uma tentativa de driblar punições, auxiliares e advogados do ex-capitão chegaram a recomprar as joias vendidas. A operação foi confirmada pela investigação.
Bolsonaro, também de acordo com o jornal, deve ser indiciado pela polícia no caso, bem como seus auxiliares e advogados. Não está claro, ainda, quais crimes serão imputados ao ex-capitão.
O arquivo de depoimentos, fotos e outras provas devem ser entregues pela PF à Procuradoria-Geral da República (PGR) nos próximos dias. É o órgão quem tem a palavra final sobre a denúncia. Se entender que a conclusão da PF, de fato, procede, a PGR deverá dar andamento no caso.
A PF também deve concluir, nas próximas semanas outros dois casos contra o ex-capitão: a fraude nos cartões de vacinação e a trama golpista.
Conforme mostrou CartaCapital, Paulo Gonet, o procurador-geral da República, considera que a investigação da tentativa de golpe “encontra-se em via de conclusão”. Bolsonaro deve também ser indiciado no caso. Nesse caso, os crimes principais a serem imputados ao capitão são tentativa de golpe de Estado (de 4 a 12 anos de prisão) e de abolição violenta do Estado democrático de Direito (de 4 a 8 anos), ambos previstos na lei 14.157, de 2021.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

A hora da verdade
Por André Barrocal
Zanin vota pela rejeição de queixa contra Janones por chamar Bolsonaro de ‘ladrão de joias’
Por CartaCapital
Pai de Cid teria usado estrutura da Apex em Miami para vendes joias sauditas; PF investiga
Por CartaCapital
Cármen Lúcia nega pedido para anular investigação sobre as joias sauditas dadas a Bolsonaro
Por Wendal Carmo
PF apura se há relação entre venda de refinaria na Bahia e joias árabes recebidas por Bolsonaro
Por Wendal Carmo