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Moro: Chapa entre Lula e Alckmin é ‘contraditória’ e ‘não muda nada’ no cenário eleitoral

O ex-ministro de Bolsonaro, que agora tenta se apresentar como terceira via, avaliou a aliança entre os adversário como uma contradição e cobrou coerência de Alckmin

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP via Getty Images
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O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) avaliou como ‘contraditória’ e ‘incoerente’ a possível aliança entre Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) para concorrer às eleições deste ano. Conforme defendeu Moro, que é ex-ministro do governo Bolsonaro, o ex-governador de São Paulo deveria ‘mostrar mais coerência’.

“A entrada do Alckmin na chapa do Lula não muda nada. É uma contradição, considerando tudo o que o ex-governador Alckmin falou em relação ao Lula no passado”, defendeu Moro em entrevista à TV Jovem Pan. “Se tem alguma coisa que é importante na política é a coerência”, acrescentou o ex-juiz.

Mais cedo, Lula rebateu alegações semelhantes à feita por Moro à Jovem Pan. O ex-presidente disse que sua possível aliança com Alckmin não é uma contradição, mas sim uma somatória de forças para reconstruir um país destruído.

“Contraditório seria eu ter um vice do PT, porque seria uma soma zero, seria nós com nós, o que não acrescentaria em nada na expectativa eleitoral da sociedade brasileira”, declarou Lula à rádio Super Notícia, de Minas Gerais.

“Nós temos consciência de que é preciso recuperar o Brasil, que está destruído. [Não fazer uma ‘soma zero’ para construir um projeto] é a justificativa para minha junção com o Alckmin e com outros partidos, como o PSB, o PSOL, o PV, o Solidariedade…e para a tentativa de fazermos isso com o PSD”, explicou o petista.

Ao se filiar ao PSB, Alckmin também tratou do assunto e disse ter se unido a Lula porque o ex-presidente ‘é quem melhor representa a democracia’ na atual disputa eleitoral.

“Eu disputei com o presidente Lula a eleição em 2006, mas nunca colocamos em risco a questão democrática”, declarou o ex-governador. “Temos que ter os olhos abertos que ele [Lula] é hoje o que melhor reflete, interpreta o sentimento do povo brasileiro. Ele representa a democracia, porque ele é fruto da democracia. Não chegaria lá de um berço humilde se não fosse o processo democrático.”

A avaliação de Moro de que ‘Alckmin não acrescenta em nada’ à campanha de Lula é rechaçada inclusive por nomes do PSDB. Aloysio Nunes, ex-senador pelo partido e vice-candidato na chapa de Aécio Neves em 2014, declarou em contato com CartaCapital que o ex-tucano ajudará o petista a ‘derrotar o maior inimigo da civilização brasileira’, em referência a Jair Bolsonaro.

“Acho um fato muito positivo. A filiação de Alckmin ao PSB e a perspectiva de ele ser candidato a vice com Lula são uma grande contribuição para a formação de uma frente democrática que precisamos constituir para derrubar o inimigo principal da civilização brasileira, que é Jair Bolsonaro”, afirmou o histórico quadro tucano à reportagem.

Também em conversa com CartaCapital, o fundador do PSDB, ministro da Secretaria-Geral da Presidência no governo FHC e líder da oposição no Senado ao governo Lula, Arthur Virgílio Neto afirmou que Alckmin poderá ajudar Lula a conquistar votos no interior de São Paulo e eleitores do centro.

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