Ministro de Bolsonaro diz que operação contra empresários ‘beira o totalitarismo’

Anderson Torres, que comanda a Justiça, criticou atuação contra empresários que defenderam um golpe contra Lula

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. Foto: Isac Nóbrega/PR

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O ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres criticou a operação da Polícia Federal contra empresários que defenderam um golpe contra Lula em caso de vitória do petista nas eleições.

Para o ministro bolsonarista, a operação da PF ‘beira o totalitarismo’. A declaração foi dada por Torres em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo na noite desta terça-feira 23. Segundo defendeu, as incitações de um golpe feita pelos envolvidos seriam apenas ‘opiniões pessoais’ dos empresários.

“Não podemos começar a achar normal a forma como as coisas vêm acontecendo no Brasil. A polícia entrando na casa das pessoas, Justiça bloqueando suas contas e quebrando seus sigilos bancários, por conta de elas estarem emitindo opiniões pessoais em um grupo fechado de WhatsApp. Isso beira o totalitarismo”, disse o ministro bolsonarista ao jornal.

A defesa de uma ruptura institucional foi feita por empresários em um troca de mensagens em um grupo de WhastApp e motivou busca e apreensão em endereços ligados a oito integrantes do grupo. A medida foi autorizada por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que atendeu a um pedido da Polícia. As conversas foram reveladas pelo site Metrópoles.

Na decisão, Moraes determinou ainda a quebra de sigilos dos envolvidos, tomada de depoimentos e o bloqueio das redes sociais. Foram alvos da operação os empresários Luciano Hang (Havan), Meyer Nigri (Tecnisa), Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu), Ivan Wrobel (W3 Engenharia), José Isaac Peres (Multiplan), José Koury, Luiz André Tissot (grupo Sierra) e Marco Aurélio Raymundo (Mormaii).

A operação, vale ressaltar, busca um elo entre os empresários e o financiamento de atos antidemocráticos e outras tentativas de rupturas. Para Torres, no entanto, a linha adotada pela operação não teria ‘lógica’. “Vocês já imaginaram se essa mesma lógica fosse usada para todos os que já ameaçaram abertamente o presidente Bolsonaro? Quantas pessoas já não estariam presas?”, questionou.


Apesar das revelações dos diálogos, boa parte dos empresários alvos da operação têm negado defenderem um golpe. Hang, por exemplo, tem alegado defender a liberdade e a democracia e diz que seu nome estaria sendo ‘usado para vender jornal’. Ele acusa o Metrópoles de distorcer o conteúdo das conversas. A empresa de Nigri, a Tecnisa, diz apenas ser apartidária, que defende valores democráticos e que seus posicionamentos se restringem à atuação empresarial. Já o líder do Coco Bambu diz que sempre defendeu a democracia e nunca se posicionou favoravelmente ao rompimento do sistema. O grupo liderado por Barreira alega que a operação se trata de ‘perseguição política’ baseada em ‘falsas denúncias’.

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