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Frias defende viagem a NY para ver lutador e diz que custos têm de ser ‘cobridos’
‘Devolver o quê, garoto? Eu tô trabalhando. Eu fui numa comitiva oficial’, afirmou o bolsonarista ao discutir com entrevistador


O secretário especial de Cultura do governo de Jair Bolsonaro, Mário Frias, tentou justificar nesta sexta-feira 18 os gastos com sua viagem a Nova York, em dezembro, para se reunir com um lutador de jiu-jitsu.
Segundo informações do Portal da Transparência, as passagens aéreas custaram 26 mil reais. Além disso, o secretário-adjunto de Frias, Hélio Ferraz de Oliveira, gastou outros 39 mil reais, totalizando cerca de 78 mil.
Frias participou nesta sexta de programa da Rádio Jovem Pan e discutiu com Guga Noblat, um dos entrevistadores.
“Eu queria pegar você há 30 anos atrás (sic), o que você ia falar da roubalheira de quem você defende. Isso você não lembra, né? Os gastos todos são aprovados pelo Ministério do Turismo. Não tem nenhum gasto excessivo. E não vou ficar aqui discutindo com você, garoto”, disse o secretário.
Noblat, então, insistiu e perguntou se Frias devolveu o dinheiro.
“Devolver o quê, garoto? Eu tô trabalhando. Eu fui numa comitiva oficial. Custos têm que ser cobridos (sic)”, devolveu o bolsonarista.
A viagem de ida a Nova York ocorreu na noite de 14 dezembro e o desembarque no Brasil no dia 19. Em 16 de dezembro, a agenda oficial de Frias marcava para as 13h uma “reunião com o Sr. Renzo Gracie”. Hélio Ferraz de Oliveira também participou do encontro, cuja pauta oficial era apenas “Projetos Culturais”.
No dia 17, houve uma rápida reunião com a “Senhora Simone Genatt e o Senhor Marc Routh, James”, para tratar, mais uma vez, de “Projetos Culturais”. A agenda não detalha os temas do encontro.
Em 11 de fevereiro, o Ministério Público do Tribunal de Contas da União pediu a abertura de um procedimento para investigar os gastos da viagem.
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