Menos de 24 depois da PEC do Voto Impresso ser rejeitada na Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro voltou a repetir nesta quarta-feira 11 os mesmos discursos e frases das últimas semanas contra as urnas eletrônicas. Novamente, o mandatário indicou que não deve aceitar o resultado das eleições em 2022.
Para o líder da oposição na Casa, Alessandro Molon (PSB-RJ), o presidente insistirá no tema “porque é a única desculpa que tem para explicar a derrota que vai sofrer”.
“Bolsonaro não reconhecerá que perdeu por sua incompetência, pelo seu péssimo governo, pela morte de mais de 560 mil brasileiros e pelos crimes que cometeu. Vai dizer que foi uma fraude, que foi roubado, como Trump fez. É um roteiro previsível”, afirma o deputado.
O parlamentar se junta a outros consultados por CartaCapital, que avaliam que o presidente insistirá no discurso de fraude.
Arlindo Chinaglia (PT-SP), que fez parte da comissão que analisou o tema antes de ir ao plenário, propõe punição a quem atacar o sistema eleitoral. “Não podemos ficar esperando que os bolsonaristas recuem”, diz.
Bolsonaro descumpriu um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que afirmou que o capitão aceitaria o resultado.
“A gente não pode deixar que meia dúzia de funcionários, numa sala escura, conte os votos e decida as eleições”, reforçou Bolsonaro hoje a apoiadores.
De acordo com o ex-aliado Junior Bozzella (PSL-SP), “o presidente está sozinho, isolado na sua ilha em meio a meia dúzia de seguidores da sua seita que ainda acredita nas narrativas que ele cria. E é pra essa gente que ele vai falar até o final”, pontua.
“Por isso creio que a novela não se encerra aqui, o Bolsonaro se retroalimenta da confusão, do conflito, ele precisa disso pra alimentar a sua base cada vez mais diminuta. Perdendo ou ganhando, ele iria tumultuar o processo. Sempre vai dizer que existe fraude, porque essa é a válvula de escape para a sua derrota. Não vejo o cenário se acalmar, pelo contrário, o Bolsonaro vai tentar acirrar uma guerra civil no Brasil, pois criar conflito é a única coisa que ele efetivamente sabe fazer”, declara.
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