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Em Minas, Bolsonaro mostra preocupação com a ‘desconstrução da heteronormatividade’

O ex-capitão descontextualizou ações governamentais para reforçar clichês da extrema-direita

Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, usou um evento na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, nesta quinta-feira 6, para reforçar clichês da extrema-direita sobre a chamada “pauta de costumes”.

Na agenda, o ex-capitão mencionou o Decreto 7.037, de 21 de dezembro de 2009, a aprovar o Programa Nacional de Direitos Humanos, o PNDH-3.

“Dos 180 capítulos, o mais importante tratava da desconstrução da heteronormatividade. Sem contar outro capítulo, que falava da ideologia de gênero. Nós não queremos isso para o nosso Brasil. A nossa família é estruturada em cima dos nossos valores judaico-cristãos, e assim deve permanecer”, alegou Bolsonaro em Belo Horizonte.

Como de praxe, o presidente descontextualiza uma informação para tentar construir um argumento. O primeiro trecho citado compõe os objetivos estratégicos do plano, a fim de “desenvolver políticas afirmativas e de promoção de cultura de respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero, favorecendo a visibilidade e o reconhecimento social”.

Uma das ações propostas era, justamente, “reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução da heteronormatividade”.

Bolsonaro também mentiu ao alegar que o decreto “falava da ideologia de gênero”. A expressão não é mencionada sequer uma vez ao longo de todo o documento.

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