A ex-ginasta Daiane dos Santos falou sobre o racismo que enfrentou na seleção olímpica de ginástica. Ela narrou as segregações que sofria em entrevista à revista Marie Claire.
“Acho que não existe uma pessoa preta que não tenha sofrido racismo na vida. O que acontece é que muitas pessoas não entendem o que estão passando, não sabem diagnosticar. No meu caso, sempre foi tudo muito sutil: um olhar diferente, um tratamento diferente. Uma levantada de voz”, contou à reportagem.
“Comigo, houve situações na seleção, nos clubes, de pessoas que não queriam ficar perto, que não queriam usar o mesmo banheiro! Aquele tipo de coisa que nos faz pensar: opa, voltamos à segregação. Banheiros para brancos e banheiros para pessoas de cor. Teve muito isso dentro da seleção. E além da questão da raça, tem a questão de vir do sul, de não ser do centro do país, de ter origem humilde. Ou seja: ela é tudo o que a gente não queria aqui”, completou.
A ginasta, que encerrou sua carreira olímpica em 2012, foi a primeira, entre homens e mulheres, a conquistar uma medalha de ouro. Foram nove ao todo em campeonatos mundiais.
Ainda durante a entrevista ela falou sobre a importância da representatividade. “Quando a gente vê uma pessoa preta em um lugar, ela representa todas as pessoas pretas. Mostra que é um lugar possível. E ainda mais em esportes que não são os que as pessoas estão acostumadas a ver uma pele escura. E a repercussão foi mundial, porque eu não fui a primeira negra brasileira, fui a primeira ginasta negra do mundo a ganhar uma medalha de ouro”.
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