CartaExpressa
Bolsonaro mente sobre Amazônia para investidores de Dubai
Presidente distorceu dados e afirmou que mais de 90% da floresta brasileira estaria intacta
Cumprindo agenda oficial em Dubai, o presidente Jair Bolsonaro voltou a mentir sobre os dados de desmatamento na Amazônia. A investidores, o ex-capitão afirmou que mais de 90% da floresta brasileira estaria intacta e que o local não corre riscos de queimadas por ser úmido. As declarações foram registradas pelo UOL nesta segunda-feira 15 e não condizem com a realidade, como mostram dados oficiais sobre o tema.
“Vocês comprovarão isso [se forem visitar a Amazônia] e trarão uma imagem que condiz com a realidade. Os ataques que o Brasil sofre quando se fala em Amazônia não são justos. Mais de 90% daquela área está preservada, está exatamente igual a quando o Brasil foi descoberto no ano de 1500”, mentiu Bolsonaro.
Dados recentes do Instituto Brasileiro de Florestas mostram que 16% do local já foi atingido pela devastação. Levantamento da WWF Brasil e do Ecoa Brasil, a partir de dados coletados pelo Inpe, indicam que a Amazônia brasileira já perdeu 19% da sua área original. Em outubro, o desmatamento bateu recorde na região e atingiu níveis nunca antes registrados para o período.
Em outro trecho do discurso, o presidente afirmou que a floresta amazônica não teria riscos de queimadas por ser um local úmido. A afirmação, novamente, é mentirosa.
“Nós queremos que os senhores conheçam o Brasil de fato. Uma viagem, um passeio pela Amazônia é algo fantástico, até para que os senhores vejam que a nossa Amazônia, por ser uma floresta úmida, não pega fogo”, disse em discurso semelhante ao feito na ONU em 2020.
Assim como suas políticas durante a pandemia, a afirmação do ex-capitão não tem nenhuma base científica e, na prática, não é observada, como comprovam os dados sobre queimadas na região. Em 2020, por exemplo, foram contabilizados pelo Inpe mais de 103 mil focos de incêndio na região.
As declarações do presidente ocorrem em um momento em que o Brasil é contestado internacionalmente por sua política ambiental.
Relacionadas
CartaExpressa
Governo de Portugal nega ter plano de reparação por escravidão a ex-colônias
Por CartaCapitalCartaExpressa
Haddad entra em ação para tentar barrar PEC que turbina salários de juízes
Por CartaCapitalCartaExpressa
Felipe Neto é autuado por injúria após chamar Lira de ‘excrementíssimo’
Por CartaCapitalUm minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.