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Bolsonaro foge de responsabilidade e culpa estados, pandemia, guerra e Petrobras pela crise
Questionado sobre a liderança de Lula nas pesquisas, o ex-capitão tentou, como de praxe, deslegitimar os institutos, sem sustentar as alegações


O presidente Jair Bolsonaro insistiu nesta segunda-feira 30 em sua tentativa de negar a responsabilidade do governo pelo drama econômico que se abate sobre o Brasil. Em uma repetição de sua estratégia eleitoral, culpou de governadores à Petrobras e eximiu sua gestão de qualquer participação.
Em entrevista à TV A Crítica, em Manaus, o ex-capitão afirmou que a empresa “abusa” e mencionou o lucro de 44,5 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano, em meio à disparada nos preços dos combustíveis. Segundo Bolsonaro, empresas petrolíferas estrangeiras reduziram a margem de lucro “para não quebrar seus países”, enquanto a Petrobras “não tem responsabilidade e quer arrancar dinheiro do povo“.
Ele citou a guerra da Ucrânia como um dos fatores a pressionar a inflação, mas repetiu que a Petrobras “tem seus problemas”.
A crise econômica, para Bolsonaro, se agravou com as medidas adotadas por governadores para conter a disseminação do novo coronavírus nos momentos mais graves da pandemia. Trata-se, de acordo com ele, de “uma máquina de destruir renda adotada pelos governadores, não pelo governo federal”.
Enquanto estados e municípios tomavam decisões para tentar cortar a transmissão da doença, o governo Bolsonaro defendia o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes, incentivava aglomerações e desestimulava a vacinação e o uso de máscaras.
Questionado sobre a liderança do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro tentou, como de praxe, deslegitimar os institutos. Mais uma vez, não apresentou indícios de fraude, mas disse duvidar dos números.
“Ele [Lula] tinha que fazer uma motociata de Manaus a Boa Vista, encher de gente. Ele não consegue sair de casa para tomar uma branquinha, porque ele é vaiado”, alegou Bolsonaro, que, para atacar o principal adversário, tornou a recorrer a clichês da extrema-direita – de menções a uma suposta “ideologia de gênero” até referências ao direito ao aborto.
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