Política

Bolsonaro dobra aposta no negacionismo: ‘Lamentavelmente foi aprovada vacina para crianças’

Como de praxe, o ex-capitão fez insinuações sem provas e deu declarações falsas sobre a segurança dos imunizantes

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro deu sequência às suas tentativas de dificultar a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra a Covid-19. A retomada do discurso negacionista ocorre um dia depois de o Ministério da Saúde anunciar a imunização dos brasileiros nessa faixa etária.

“A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos. A minha filha de 11 anos não será vacinada. Você tem que ler o que foi feito no Ministério da Saúde para decidir se vai vacinar o seu filho ou não”, disse o ex-capitão em entrevista à TV Nova Nordeste. Como de praxe, Bolsonaro não apresentou evidências ao fazer insinuações contra a Anvisa.

“Você vai vacinar teu filho? Contra algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade de ele morrer é quase zero? O que está por trás disso? Qual é o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual é o interesse daquelas pessoas taradas por vacina? É pela sua vida, pela sua saúde? Se fosse, estariam preocupadas com outras doenças no Brasil”, acrescentou.

Um levantamento do site Poder360 divulgado no fim de dezembro mostra que a Covid-19 foi uma das principais causas de mortes na faixa etária de 5 a 11 anos. Dados até 29 de novembro indicam que 558 crianças desse grupo morreram por causa da doença no Brasil.

A Anvisa autorizou a aplicação das doses pediátricas da Pfizer em 16 de dezembro. Na ocasião, o gerente-geral de Medicamentos da agência, Gustavo Mendes, declarou que, “com base na totalidade das evidências científicas disponíveis, a vacina Pfizer-BioNTech, quando administrada no esquema de duas doses em crianças de 5 a 11 anos de idade, pode ser eficaz na prevenção de doenças graves, potencialmente fatais ou condições que podem ser causadas pelo SARS-CoV-2”.

“Observamos desempenho satisfatório da vacina também contra a variante Delta”, ressaltou. “E não há relato de nenhum evento adverso sério, de preocupação ou relato relacionado a casos muito graves ou mortalidade por conta da vacinação. Esse perfil de segurança é muito importante.”

Em entrevistaCartaCapital, Gonzalo Vecinamédico sanitarista e fundador da Anvisa, reforçou que muitas crianças e jovens que sobrevivem à Covid-19 sofrem com a chamada “Covid longa”, ou seja, com os efeitos de longo prazo provocados pela doença. Assim, frisa Vecina, é preciso vacinar esse público, já que os imunizantes ampliam a proteção contra as manifestações graves do novo coronavírus.

A imunização de crianças e adolescentes de forma célere é ainda mais importante dada a proximidade do retorno das atividades letivas. “É importante que a criança proteja seus parentes que estão em casa. Que, quando ela volte para casa, não leve a doença. Vacinação é a única coisa que podemos fazer de mais inteligente neste momento.”

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