CartaExpressa
Bolsonaro deixa a PF após mais de 2 horas de depoimento sobre 8 de Janeiro
Ex-capitão chegou ao local por volta das 8h50 e saiu sem conversar com a imprensa


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou, por volta das 11h30, o prédio da Polícia Federal em Brasília onde prestou depoimento sobre o seu envolvimento com os atos golpistas do dia 8 de Janeiro. Ele ficou no local por mais de 2 horas e saiu sem conversar com a imprensa.
O depoimento desta quarta-feira 26 ocorre após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Ele incluiu o ex-presidente no calendário de oitivas após a publicação de um vídeo com mentiras sobre o processo eleitoral nas redes do ex-capitão. A postagem foi feita pouco após a tentativa de golpe e excluída horas depois.
Na oitiva, ele alegou que fez a publicação ‘sem querer’. “Tanto a postagem foi acidental que ele não fez nenhum comentário e apagou logo na sequência. Você não vai encontrar em momento algum uma postagem dele dizendo que a eleição foi fraudada”, alegaram os defensores do ex-presidente.
Eles também alegaram que a postagem teria sido um erro do próprio Bolsonaro e não de Carlos, que também era administrador do perfil do ex-capitão naquela ocasião. “Não foi Carlos Bolsonaro que fez a postagem. O metadado do Facebook pode indicar isso”.
De acordo com os advogados do ex-capitão, ele não pode ser classificado como um incentivador porque repudiou os ataques no dia 8 de Janeiro via redes sociais. “Ele repudiou os ataques. Postou no Twitter no dia 8 de Janeiro. Ratificou isso no depoimento de hoje”, disseram integrantes da equipe de Bolsonaro a jornalistas na saída da sede da PF.
Nesta quarta-feira, era esperado que, além de explicar o teor da publicação, compreendida como um endosso aos golpistas, ele elucidasse sua ligação com a minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública na sua gestão. O item poderá implicar Bolsonaro no grupo de mentores intelectuais do golpe.
A viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos e a presença de suspeitos de participarem do atos terroristas na comitiva do ex-presidente naquela ocasião também eram temas a serem explicados durante o depoimento.
Segundo os advogados de Bolsonaro, porém, os temas não foram abordados durante o depoimento de Bolsonaro à PF. Ele informaram, ainda, que o ex-capitão respondeu a tudo o que foi perguntado pelos agentes.
“Ele consignou que eleição é uma página virada. Desde a derrota fez uma transição e saiu do Brasil para férias. […] Eleições de 2022 são páginas viradas para ele. Isso está em duas ocasiões no depoimento de hoje”, reforçaram os advogados.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Michelle Bolsonaro confirma ter recebido segundo pacote de joias sauditas
Por Wendal Carmo
Redes sociais de Bolsonaro não são atualizadas desde que Carlos ‘pediu demissão’
Por Getulio Xavier