CartaExpressa
Ameaças de Bolsonaro a ministros do STF são ‘inconsequentes’, diz Celso de Mello
Ex-ministro foi responsável pela abertura de um inquérito para apurar a interferência do presidente na Polícia Federal


O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello classificou como ‘inconsequente’ a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que iria protocolar um pedido de impeachment em desfavor aos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
“Trata-se de uma declaração inconsequente e de uma pretensão temerária inteiramente destituída de razão legítima!”, afirmou o ex-decano da Corte ao jornal O Globo.
A declaração foi feita na véspera do encontro do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do presidente do STF, Luiz Fux, cujo objetivo era tratar da crise institucional entre Bolsonaro e o Poder Judiciário.
Celso de Mello afirma que ainda é incerto o risco de ruptura das instituições, tendo em vista os ataques realizados pelo presidente contra a Corte.
“Estou certo de que não haverá ruptura institucional, eis que há, nos Poderes da República, pessoas sensatas, responsáveis e conscientes da necessidade de preservar-se a integridade da ordem constitucional fundada em bases democráticas!”.
O ex-ministro ainda ressaltou que a Constituição Federal protegerá a democracia de eventuais atos que pretendam fragilizar o sistema.
“O sentimento de respeito à Constituição da República, por ser mais intenso, haverá de sobrepujar e neutralizar quaisquer impulsos emanados de mentes autoritárias! Torna-se necessário resistir, sempre pelos meios legítimos proporcionados pela nossa Carta Política, a quaisquer ensaios que visem a fragilizar, a desvalorizar e a transgredir a ordem constitucional! Há que se ter sempre presente a grave advertência do saudoso e eminente Ministro Aliomar Baleeiro, do Supremo Tribunal Federal, em manifestação que recordava ao nosso País que, enquanto houver cidadãos dispostos a submeter-se e a curvar-se ao arbítrio e à prepotência do poder, sempre haverá vocação de ditadores”, afirmou.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.