CartaExpressa
AGU alega ‘menção indevida’ a Bolsonaro e tenta barrar investigação de escândalo no MEC
O órgão pediu ao TSE o arquivamento de um pedido de apuração protocolado pelo PT em meio ao lobby de pastores na pasta


A Advocacia-Geral da União defendeu que o Tribunal Superior Eleitoral arquive um pedido de investigação apresentado pelo PT contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por favorecimento a pastores no repasse de verbas da pasta.
O órgão de defesa do governo alega ter havido uma “menção indevida” a Bolsonaro em meio ao escândalo do gabinete paralelo no MEC. Diz também que o PT não “apresentou quaisquer elementos fáticos, tampouco indícios mínimos, de prática de ato ilícito pelo representado Jair Messias Bolsonaro”.
Em março, o jornal Folha de S.Paulo divulgou um áudio que confirma a influência de líderes religiosos sobre o repasse de recursos. Na gravação, o então ministro Milton Ribeiro admite priorizar, a pedido de Bolsonaro, o envio de verbas a prefeituras indicadas por Gilmar Santos e Arilton Moura, da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, disse Ribeiro em reunião com prefeitos e os dois líderes religiosos. “Minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos que são amigos do pastor Gilmar.”
Na ação enviada ao TSE, o PT cobra providências contra Bolsonaro e Ribeiro. Diz trecho do documento: “As práticas brevemente aqui descortinadas indicam, sem sombras de dúvidas, que uma pasta ministerial e os recursos públicos a ela vinculados, por seu ministro de Estado, vêm sendo usados politicamente e economicamente para beneficiar a candidatura à reeleição do atual presidente da República, configurando, objetivamente, abuso de poder político e econômico, com potencialidade real de interferência no postulado da igualdade que deve balizar as eleições”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Randolfe Rodrigues espera ter 29 assinaturas para CPI do MEC até quarta
Por Estadão Conteúdo
O MEC, para Bolsonaro: ‘Minha Estrada da Corrupção’
Por Contee
Randolfe defende a abertura da CPI do MEC: ‘A estrutura do Estado está a serviço da corrupção’
Por CartaCapital