Política

Randolfe defende a abertura da CPI do MEC: ‘A estrutura do Estado está a serviço da corrupção’

A CartaCapital, o senador afirmou que ‘um esquema escabroso’ lança ‘pelo ralo o dinheiro que deveria ser destinado à educação de jovens e crianças’

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu nesta sexta-feira 8, em entrevista a CartaCapital no YouTube, a instalação de uma CPI no Senado para investigar indícios de corrupção no Ministério da Educação. Mais cedo, o parlamentar anunciou ter conseguido as 27 assinaturas necessárias para protocolar o pedido de abertura da comissão.

Para que a CPI saia do papel, porém, é necessário o aval do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“Já conversei com o presidente Pacheco, e ele mesmo já relatou que o papel dele é checar se os pré-requisitos constitucionais estão cumpridos. E nós temos os pré-requisitos constitucionais: número de membros, fato determinado e tempo certo para o seu funcionamento”, disse Randolfe. Na véspera, Pacheco declarou que “quando se exige a existência de fato determinado, há um crivo da presidência de se entender se aquele fato determinado deve justificar uma CPI ou não”.

Randolfe fez graves críticas ao governo de Jair Bolsonaro e se referiu às irregularidades no MEC como “maracutaia”.

“Um esquema escabroso pelo qual está saindo pelo ralo o dinheiro que deveria ser destinado à educação de jovens e crianças brasileiros. Uma quadrilha se apoderou do MEC. Uma quadrilha com base no MEC, mas com raízes fora: raízes no Centrão e no Palácio do Planalto.”

No centro do escândalo, que levou à demissão de Milton Ribeiro do comando do MEC, está a atuação de pastores na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE. Os pivôs são os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil. Ambos são alvos de um inquérito instaurado pela Polícia Federal para apurar o lobby.

Em março, o jornal Folha de S.Paulo divulgou um áudio que confirma a influência dos líderes religiosos sobre o repasse de recursos. Na gravação, o então ministro Milton Ribeiro admite priorizar, a pedido de Bolsonaro, o envio de verbas a prefeituras indicadas por Gilmar e Arilton.

“Não são gabinetes paralelos. É o núcleo operacional dos esquemas, é o principal. A estrutura oficial do Estado está a serviço dessa rede de corrupção, dessa bandalheira”, prosseguiu Randolfe. “Este é um governo da aliança do fundamentalismo autoritário preconceituoso com o velho Centrão fisiológico.”

Além da atuação de pastores, uma eventual CPI se debruçaria sobre uma licitação do MEC para a compra de ônibus escolares, depois de a transação ter sido contestada no Tribunal de Contas da União por suspeitas de superfaturamento. Em decisão cautelar, o ministro Walter Alencar determinou que a licitação só poderá ser concluída quando houver o julgamento do mérito do caso.

“Esses casos se encaixam e mostram que os recursos da Educação passaram a ser dilapidados por um esquema criminoso organizado”, acrescentou Randolfe. “O FNDE deixou de ser um fundo para financiar o desenvolvimento da educação e passou a ser um grande caixa dos negócios feitos pelo Centrão.”

Assista à íntegra da entrevista:

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