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ONU pede que Israel coloque fim aos “homicídios ilegais” na Cisjordânia

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 195 pessoas foram mortas em 24 horas em Gaza pelas forças israelenses

Conflito já deixou mais de 22 mil palestinos mortos, segundo Ministério da Saúde do Hamas. Foto: Said Khatib/AFP
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A ONU apela nesta quinta-feira (28) a Israel para “pôr fim aos homicídios ilegais” entre a população palestina na Cisjordânia ocupada, denunciando uma rápida deterioração dos direitos humanos nesta área.

“O uso de táticas e armas militares em contextos de aplicação da lei, o uso de força desnecessária e desproporcional e a aplicação de restrições amplas, arbitrárias e discriminatórias ao movimento que afetam os palestinos são extremamente preocupantes”, disse o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, em um comunicado.

Numa conversa telefônica com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou o seu pedido de um “cessar-fogo duradouro” na Faixa de Gaza, indicou o Palácio do Eliseu.

O emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad al-Thani, cujo país liderou a mediação que levou a uma trégua no final de novembro, conversou esta semana com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a necessidade de um “cessar- fogo permanente” e não apenas uma simples pausa na luta.

Uma trégua no final de novembro permitiu a libertação de 105 reféns e 240 prisioneiros palestinos detidos por Israel, bem como a entrada em Gaza de um grande volume de ajuda humanitária. Mas os esforços dos mediadores egípcios e cataris não foram suficientes para renová-la e o número de vítimas aumenta a cada dia.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 195 pessoas foram mortas em 24 horas em Gaza pelas forças israelenses. O Ministério disse na quarta-feira que o exército tinha como alvo uma casa perto do hospital Al-Amal em Khan Younes, deixando 22 mortos e 34 feridos.

Intensificação da guerra

Nesta quinta-feira, o Exército israelense concentra as suas operações no centro da Faixa de Gaza, apesar da situação crítica para os civis, e prevê uma possível “expansão” das operações na fronteira com o Líbano.

Além da Faixa de Gaza, as forças israelenses estão intensificando os ataques noturnos nas principais cidades da Cisjordânia ocupada, principalmente em Jenin e Ramallah, onde está sediada a Autoridade Palestiniana de Mahmoud Abbas, segundo a agência oficial Wafa.

O Estado-Maior do Exército alertou para uma intensificação dos tiroteios ao longo da fronteira com o Líbano, país a partir do qual opera o Hezbollah, movimento radical que, tal como o Hamas palestiniano, faz parte do “eixo de resistência”, um conjunto de grupos armados próximos ao Irã e hostil a Israel.

Perto da fronteira com o Líbano, no Golã anexado por Israel, um drone caiu durante a noite de quarta para quinta-feira, segundo relatou o Exército israelense depois que combatentes de grupos armados pró-Irã assumiram a responsabilidade por um ataque nesta área.

Além disso, o Irã ameaçou Israel, na quarta-feira, com “ações diretas levadas a cabo pela frente de resistência”, após a morte, na segunda-feira, num ataque na Síria, que atribui a Israel, de Razi Moussavi, um dos seus altos oficiais.

O chefe do Estado-Maior do Exército israelense, Herzi Halevi, indicou que as forças israelenses “estão num estado muito elevado de prontidão para uma expansão dos combates no norte”, onde os confrontos entre Israel e o Hezbollah têm sido quase diários, desde o início dos combates em Gaza.

“Grande perigo” para palestinos, alerta OMS

A população da Faixa de Gaza corre “grande perigo”, insistiu na quarta-feira o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), sublinhando que a fome e o desespero estão piorando no território palestino devastado pela guerra.

A OMS afirmou ter conseguido entregar equipamento a dois hospitais na terça-feira, no norte e no sul do território, enquanto 21 dos 36 hospitais da Faixa de Gaza já não funcionam.

O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, apelou à comunidade internacional para que tome “medidas urgentes para aliviar o grave perigo que o povo de Gaza enfrenta e compromete a capacidade dos agentes humanitários de ajudar uma população que sofre com ferimentos terríveis, fome aguda e sério risco de doença”.

Num comunicado, a organização da ONU sublinhou que a sua equipe no terreno relatou, na terça-feira, uma necessidade de alimentos que “continua a ser aguda” em toda a Faixa de Gaza. “Pessoas famintas bloquearam o nosso comboio na esperança de encontrar comida”, informou a OMS.

“A capacidade da OMS de fornecer medicamentos, suprimentos médicos e combustível aos hospitais é cada vez mais limitada pela fome e pelo desespero das pessoas que entram e saem dos hospitais.

“A segurança das nossas equipes e a continuação das operações dependem da entrega imediata de mais alimentos a Gaza”, sublinhou Tedros.

Ataques mortais

O Ministério da Saúde da administração do Hamas em Gaza relatou ataques mortais durante a noite em Nuseirat e Deir al-Balah, no centro deste território de 2,4 milhões de habitantes, dos quais 1,9 milhões (85%) foram deslocados pela guerra.

A guerra desencadeada pelo ataque sangrento lançado em 7 de outubro pelo movimento islâmico palestino contra Israel deixou 21.110 mortos na Faixa de Gaza, incluindo 6.300 mulheres e 8.800 crianças, segundo o Ministério da Saúde da administração do Hamas.

Em Israel, o ataque dos comandos do Hamas deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada nos últimos números oficiais israelenses.

Cerca de 250 pessoas foram raptadas pelo Hamas, 129 das quais permanecem detidas em Gaza, segundo Israel, que prometeu “destruir” o movimento islâmico palestino, no poder desde 2007 na Faixa de Gaza, em retaliação ao seu ataque sem precedentes.

E 167 soldados israelenses foram mortos até agora, incluindo três na quarta-feira, na ofensiva terrestre em Gaza, informou o Exército na manhã desta quinta-feira.

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