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Lollapalooza traz novos atos de rock e rap para São Paulo

Festival que começa nesta sexta-feira 5 no Autódromo de Interlagos promove um revisionismo de sua própria história

AUSTIN, TX - OCTOBER 01: Kendrick Lamar performs during the Austin City Limits Music Festival at Zilker Park on October 1, 2016 in Austin, Texas. (Photo by Erika Goldring/FilmMagic)
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O Lollapalooza 2019 é um pouco a reiteração da própria história recente dos festivais brasileiros: as bandas imberbes que cresceram marcando presença em suas escalações, como os britânicos do Foals e Arctic Monkeys e os americanos do Kings of Leon, figurinhas repetidas, passaram pelas fases naturais do crescimento e voltam com o status de “maduras”. Todas de fato evoluíram muito. Já os eletrônicos (como Steve Aoki, uma farofa antiga que já era farofa nos anos 1990) trazem pouca renovação. Entre os brasileiros, a coisa é ainda mais retroativa: Gabriel o Pensador e Os Tribalistas são antigas novidades, e mesmo as mais recentes figuras do lineup já estão grisalhas, como o capixaba Silva e a carioca Letrux.

Greta Van Fleet, a banda de hard rock americana que vem se firmando como uma sensação, carrega consigo a reputação também de ser apenas um derivado divertido do Led Zeppelin. “Estamos mais para Humble Pie”, rebateu o guitarrista do grupo, Jake Kiszka, buscando afirmar alguma especificidade.

Mas, entre as pequenas e médias atrações, sempre se encontram suaves motivos para curtição, claro. A banda Portugal. The Man, psicodelia do Oregon, é sempre um ato de rock muito interessante, assim como The 1975, legítimo som de Manchester. O vocalista do 1975, Matt Healy, tem um ponto de vista interessante sobre essa movimentação contemporânea: “Você tem os ciclos da cultura e, se eles são enormes, são muito óbvios, mas, à medida que a internet se tornou mais rápida, os ciclos se tornaram menores. Hoje, se você se remete a algo de 2010, vão te chamar de nostálgico.”

O processo de Rock in Riozação do Lollapalooza já muito conhecido, e não é só por escalarem pela enésima vez Lenny Kravitz. Há uma crise de grandes nomes, porque houve uma pulverização da grande multidão de fãs de uma banda só. Ainda assim, os ingressos para os três dias beiram os 1,6 mil reais (o Lounge Pass chega a 3,4 mil reais).

Evidentemente, há atos de rock que estão em plena ebulição. Precisa procurar nos palcos menores. Os paraenses do Molho Negro promovem uma espécie de ciclone no público, sua reputação cresce junto das ondas concêntricas de novos fãs no gargarejo de seus shows.

Talvez o nome mais novidadeiro dessa edição seja o produtor, ator e rapper Kendrick Lamar, milionário novo profeta do hip-hop, dono de 12 prêmios Grammy. Lamar carrega consigo as contradições de um país, de uma concepção de política, os ecos do ativismo do passado. Fez a trilha sonora do filme Pantera Negra, chamou Donald Trump de idiota em uma canção, The Heart Part4, afirmando-se como o anti-Kanye West, este último um adesista de primeira hora.

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