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Ao ameaçar Lula, parlamentares atiçam a matilha bolsonarista, armada até os dentes

As ameaças são parte de uma nova fase da violência política brasileira, que sofreu escalada com o golpe em 2016 e atingiu níveis alarmantes desde a eleição de Bolsonaro

O deputado Junio Amaral, do PL de Bolsonaro, e o vereador Sargento Simões, de Mauá, são alguns dos bolsonaristas que mandaram recados ameaçadores ao ex-presidente - Imagem: Redes sociais e Suamy Beydoum/Agif/AFP
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“O nosso modus ­operandi é o mesmo. A última vez que esse bando do MST e da esquerda vieram nos visitar, querer conversar com a gente no meio do mato, foram parar no inferno. Então, Lula, mande a sua turma falar com a gente de novo, e vocês vão visitar os seus amigos que estão lá”, discursou, no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná, Washington Lee Abe, conhecido como Coronel Lee, policial militar e deputado estadual. Dias antes da involuntária confissão de um crime (ou o parlamentar acha legítimo emboscar militantes no matagal?), o deputado federal Junio Amaral, do PL de Jair Bolsonaro, gravou em vídeo outro recado para o ex-presidente petista. “Vou esperar vocês lá, tanto a sua turma quanto você. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha, tá bom? Vocês serão muito bem-vindos”, ameaçou o parlamentar, enquanto municiava sua pistola dentro de um carro.

Ao todo, cinco deputados bolsonaristas, de diferentes regiões do País, publicaram nas redes sociais ameaças explícitas contra Lula, quase sempre ostentando armas de fogo. O líder petista foi intimidado por sugerir, em um evento com sindicalistas, que os movimentos sociais deixassem de fazer protestos na porta do Congresso Nacional, em geral inócuas, e passassem a organizar atos nas cidades onde os parlamentares moram. “Se a gente mapeasse o endereço de cada ­deputado e fossem 50 pessoas… Não é para xingar, não, é para conversar com ele, conversar com a mulher dele, conversar com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Eu acho que surtiria mais efeito do que a gente vir fazer manifestação em Brasília”, sugeriu o ex-presidente, líder do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC no apogeu da ditadura. Foi o que bastou para as milícias digitais bolsonaristas, insufladas pelos jagunços do Legislativo, semearem o ódio na internet.

“SERÃO MUITO BEM-VINDOS”, DISSE O DEPUTADO JUNIO AMARAL, AO MUNICIAR A SUA PISTOLA

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