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Às vésperas da eleição, campanha cobra candidatos pelo fortalecimento do SUS

Uma mobilização idealizada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva conta com 80 mil apoiadores em abaixo-assinado; Lula e Ciro responderam às questões

(Foto: Agência Brasil)
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“Sem o SUS, não há saúde para todos”. Este é o mote de uma uma mobilização que engaja 80 mil apoiadores em busca do fortalecimento do Sistema Único de Saúde. Com oito propostas, a campanha lançada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva, a Abrasco, procurou os mais bem colocados candidatos à Presidência da República para apresentar o manifesto e ouvir deles as propostas para o aprimoramento do sistema de saúde. 

Das quatro candidaturas procuradas, apenas as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Ciro Gomes (PDT) se posicionaram. Jair Bolsonaro (PL), o segundo colocado nas pesquisas eleitorais mais recentes, atrás de Lula, não respondeu aos questionamentos enviados pela associação. Simone Tebet, que concorre pelo MDB, também não se manifestou. 

As oito necessidades apresentadas para que o SUS seja fortalecido são: assegurar seu financiamento; adequar o modelo de atenção; fortalecer seu caráter público; ampliar sua integração política, organizacional e operativa; aprimorar sua gestão de maneira democrática e participativa; garantir a ocupação de cargos de gestão com base técnica; implantar política de pessoal integrada; e sustentar sólida política de ciência, tecnologia e inovação em saúde.

Os candidatos acionados foram questionados sobre quais são suas propostas para cada um desses pontos. Além dos que concorrem à Presidência, o manifesto criado pela Abrasco também visou sensibilizar alguns postulantes a governos estaduais, ao Senado e à Câmara dos Deputados. Segundo Rosana Onocko-Campos, presidente da associação, em geral, a receptividade dos políticos foi positiva, já que muitos responderam às questões.  

“O contato com os tomadores de decisão também faz parte dessa tentativa de a gente levar nossos oito pontos, nossas reivindicações para todos os espaços possíveis e, surpreendentemente, a gente teve resposta de muitos candidatos”, comenta Rosana, médica sanitarista e psicanalista. “Então, eu acho que é muito importante que as entidades da sociedade civil, como é a Abrasco, se engajem nesse tipo de movimentação.”

Confira AQUI as respostas na íntegra dos dois candidatos à Presidência da República.

Em agosto, as milhares de assinaturas coletadas na petição também foram pessoalmente levadas a 10 diretórios de partidos políticos em São Paulo. A ação, realizada pela organização Change.org, plataforma que hospeda o abaixo-assinado, também promoveu a entrega de outras petições relacionadas a diversas áreas de interesse dos eleitores brasileiros, como meio ambiente, educação, defesa dos animais e justiça econômica. 

Defenda o SUS

A campanha lembra o quanto o SUS deixou marcante sua necessidade durante a pandemia, momento em que todos foram cuidados e acolhidos por ações de saúde e vacinação. A Abrasco pondera, entretanto, que, apesar de crucial, o sistema não recebe a devida importância nos planos de governo e é alvo de projetos que buscam seu desmonte.

“O momento da pandemia colocou o SUS em evidência para muitos brasileiros, inclusive para muitos que não usavam o SUS. Mas é importante dizer que 75% da população brasileira, para a sua assistência, seus cuidados em saúde, só tem o SUS”, destaca Rosana.

Milhares de assinaturas coletadas em defesa do SUS foram simbolicamente entregues a partidos (Foto: Miguel Castaño)

A associação ressalta que nas últimas três décadas o investimento do governo federal em saúde tem sido insuficiente. “Se o cenário fosse outro, certamente o SUS faria ainda mais e melhor”, enfatiza a Abrasco na petição, ressaltando a Emenda Constitucional 95, que impôs o Teto de Gastos e congelou por 20 anos o piso federal do SUS em valores de 2017. 

Na opinião da médica sanitarista, se os próximos políticos eleitos não se comprometerem com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, os riscos serão grandes. Ela avalia que sem o aumento do gasto federal em saúde, esse aprimoramento é impossível.

“Esse governo, desde 2018, vem tentando as mais variadas formas de privatização”, comenta Rosana, citando a tentativa de privatizar a atenção primária e o desfinanciamento dos núcleos de apoio à saúde da família. “Um conjunto sistemático, orquestrado, organizado de ataques ao caráter público, universal e integral do SUS.”

A mobilização 

Rosana explica que a petição em defesa do SUS foi criada a fim de comunicar e oferecer um meio para que as pessoas também possam se engajar e se manifestar na causa. 

“A gente decidiu fazer uma campanha pelo fortalecimento do SUS pelo contexto que a gente estava vivendo”, comenta a médica, que também é professora livre-docente do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp. “E pensando que era parte do nosso compromisso como uma entidade científica, para pensar a comunicação com a sociedade, não só com os cientistas.”

Além do apoio ao manifesto, Rosana aponta outras formas para engajamento e participação social no SUS, como a atuação em conselhos locais e municipais de saúde. “É muito interessante e importante que as pessoas, os usuários, quem é de fato interessado em que o SUS funcione bem, participem dessas instâncias do controle social, participem diretamente com as suas opiniões, com as suas intervenções, da proteção do SUS.”

Para se unir ao manifesto da Abrasco, acesse: http://change.org/SUSParaTodos 

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