Blog do Sócio

O vazamento das conversas da Lava Jato e a opinião pública

Moro declarou que o que importa é o conteúdo vazado e não a forma como foi recebido. Esperamos que ele continue com a mesma opinião

Foto: Lula Marques
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Foi espantosa a revelação das manobras entre Moro e procuradores da Lava Jato, feita pelo site The Intercept Brasil, do jornalista premiado com um Pulitzer Glenn Greenwald (ex-CNN), há exatamente um mês, em 9 de junho, que, segundo dizem, são apenas iniciais. Vale ressaltar a forma de vazamento de informações, tão aparentemente apreciada pelo próprio Moro.

Que destino mordaz, a Lava Jato tão useira e vezeira na prática de vazamentos, agora se vê enredada e desmoralizada ante o Brasil e o mundo, sofrente do mesmo método.

Em tempo, ao Bial, Sérgio Moro declarou que o que importa é o conteúdo vazado e não a forma como foi recebido. Esperamos que ele continue com a mesma opinião.

Ainda falando sobre modus operandi, ouvi esses dias observações vindas do jornalista estadunidense Brian Mier do Brazil Wire em entrevista ao Vlog Nocaute, que são muito coincidentes as atitudes tomadas ultimamente pela justiça brasileira no contexto da Lava Jato e as atitudes tomadas de forma tradicional pelo Departamento de Justiça dos EUA.

Ou seja, delações premiadas de acusados com penas muito pesadas e que supostamente servem de barganha para negociar informações, também cita condenações de políticos em outras partes do mundo sempre seguindo o mesmo roteiro de jovens protestando pela democracia, campanhas virulentas da mídia e acusações de corrupção.

Cita até o exemplo do sul-africano Jacob Zuma, acusado de vários atos de corrupção e condenado por uma reforma supostamente ilegal de uma casa de campo (alguém já ouviu essa história?). Opinião pública.

Pelas informações do The Intercept Brasil não sei dizer se a verdade nos libertará, como gosta de repetir o Messias, talvez alguém até vá pra cadeia, mas seja como for, a verdade é sempre bem-vinda.

Seria muito bom também um pouco menos de demência e um pouco mais de decência por parte desse eleitorado, sobretudo classe média paulistana, que até ainda vem incensando Moro e seus métodos.

Entendo que agora, mesmo aqui, no país da casa grande e senzala, ou segundo definição do Emicida, no país da pele alva e da pele alvo, não há mais espaço para apoiar esse tipo de governo e atribuir plena culpa à esquerda pelo atual estado de coisas.

Sei que pedir decência pra esse eleitorado é muita pretensão mas a esperança é que em alguma medida tenham percepção do limite entre interesse pessoal, ganância, imediatismo e burrice.

De maneira mais geral, vamos ver até quando o poder de convencimento da mídia surtirá efeito e evitará a revolta pelo desmonte do País.

Mais preocupantes são as perdas sem retorno, ou seja, não adiantará de nada votar em Madre Tereza de Calcutá na próxima eleição. Florestas não serão recolocadas em pé, etnias indígenas não serão recuperadas, crianças idiotizadas não terão seu tempo de volta, condenados não terão sua trajetória de vida restabelecias e em vários aspectos a soberania nacional não será restaurada.

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