Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Vovô do Ilê: Blocos afro são o diferencial do carnaval de Salvador

Ativista foi um dos que tiveram o nome retirado da lista de ‘Personalidades Negras’ da Fundação Palmares na gestão passada

Foto: Divulgação
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O carnaval de Salvador se aproxima e todo ano a história se repete: o reconhecimento é unânime aos blocos afros, mas são os trios que recebem os louros.

“Estamos nos preparativos do carnaval. A dificuldade aqui é sempre a questão de patrocínio”, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê Aiyê, fundador e presidente do primeiro bloco afro-baiano. “Os blocos afros são o diferencial do carnaval, mas as pessoas só se preocupam com os blocos de trio”.

Ele conta que, assim como o Ilê, outras agremiações afro-baianas têm dificuldades de conseguir apoio para ir às ruas, como o Olodum, Malê Debalê e Muzenza.

Vovô questiona o fato de Salvador ser maioria de população negra, com grande poder de consumo, mas o bloco afro criado em 1974 repetidamente enfrenta dificuldades para conseguir apoio financeiro privado no carnaval.

“Não tenho nada contra os artistas do axé (music), porque também precisam de patrocínio”, afirma. “Mas tem que reconhecer a cidade negra. Os blocos afros trazem muito turista para cá. Mas o pessoal não tem ação voltada para atendê-los. O carnaval hoje se chama carnanegócio”.

Ele lembra que o Ilê Aiyê possui várias atividades sociais no Curuzu, cidade alta de Salvador, que envolvem educação, ensino musical e cursos profissionalizantes.

“Muitas vezes tiramos jovens da situação de risco, como se fossemos o poder público. Precisamos de apoio”, acrescenta. Vovô vê com otimismo a mudança no governo federal – Lula chegou a visitar a sede do Ilê no período de campanha. E diz estar “muito feliz” de ver a baiana Margareth Menezes à frente do Ministério da Cultura.

“A tendência é que se aumento o relacionamento, a troca de conversa seja facilitada”, diz. João Jorge, presidente do Olodum, é o novo presidente da Fundação Cultural Palmares.

Vovô do Ilê Aiyê comenta que o companheiro de bloco afro de Salvador já disse que vai recolocar, com direito a desagravo, seu nome na lista de “Personalidades Negras” da instituição – seu nome e de outros ligados ao ativismo e à cultura negra foram retirados em um dos atos mais grotescos do governo passado.

O Ilê Aiyê fará ensaio geral para o carnaval no dia 12 de fevereiro no Curuzo. O tema deste ano é Angola, com o centenário de Agostinho Neto, primeiro presidente daquele país quando se tornou independente. Durante o período do carnaval, o bloco afro-baiano desfila nas ruas de Salvador no sábado, segunda e terça-feira.

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