Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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‘Rio, Negro’, lançado neste ano, é uma imersão na consciência da luta negra

O filme dá o devido crédito aos negros na construção da ex-capital, principalmente na cultura

Foto: Divulgação
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Documentário lançado no cinema neste ano com grande repercussão e agora disponível no streaming (CurtaOn, TV Tamanduá), Rio, Negro, de Fernando Sousa e Gabriel Barbosa, é uma imersão na consciência da luta negra no País.

Várias entrevistas e um conjunto expressivo de imagens representativas da escravidão e do pós-abolição fazem do longa-metragem um dos grandes momentos da cultura em 2023. É, também, um instrumento de reflexão.

O Rio de Janeiro foi um quilombo aberto na segunda metade do século XIX, como pontua a história. Enquanto isso, o projeto de transformar o País em República e, na sequência, promover seu embraquecimento populacional vinha sendo desenhado.

O documentário destrincha o tema da organização do Estado, de sua velada segregação racial e do permanente fantasma da demofobia pela elite republicana, com possível levante dos habitantes de uma cidade insatisfeita com as condições de vida.

O Rio recebeu milhões de negros escravizados, prevalecendo a sua cultura, ainda que perseguida. As escolas de samba se formaram como um grande terreiro, onde ex-escravizados negros tiveram a oportunidade de construir sua cidadania.

Nesses agrupamentos carnavalescos, as baterias se caracterizavam pelos seus específicos toques ligados às tradições afro-religiosas. Como resultado da ocupação do espaço público, o samba foi inserido quase que obrigatoriamente no debate da cultura nacional.

É nas escolas de samba que o palco da história real do Brasil vai se manifestando. Foi uma estratégia de sobrevivência.

Da união das comunidades negras, desde as casas de candomblé – como a da Tia Ciata -, onde os encontros festivos se realizavam, forjou-se uma cidade culturalmente viva e riquíssima.

O filme Rio, Negro é um contraponto incontestável a essa persistente invisibilidade que tentam aplicar ao Rio de Janeiro sobre a decisiva contribuição negra à cidade.

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