Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Pato Fu celebra 30 anos e aposta mais em constância do que em saltos espetaculares

Fundador da banda, o guitarrista John Ulhoa conta que o ‘espírito sempre independente’ fez com que o grupo superasse as mudanças da indústria

Foto: André Greco/Divulgação
Apoie Siga-nos no

A banda Pato Fu segue firme e forte em meio à mutação do mercado da música. O grupo, surgido em 1992, continua a celebrar os 30 anos de estrada com um álbum alusivo à data.

“Tenho a sensação de que nossa carreira é feita mais de uma constância na produção do que de sobressaltos espetaculares”, diz o guitarrista John Ulhoa, após relatar as conquistas da banda, como o primeiro disco de ouro pelo alto número de vendas do álbum Televisão de Cachorro (1998), um dos melhores do grupo.

Ele, a cantora Fernanda Takai (sua mulher) e o baixista Ricardo Koctus são os integrantes fundadores da Pato Fu que permanecem na banda. Completam o time hoje Xande Tamietti (bateria) e Richard Neves (teclados).

“Acho que soubemos administrar a carreira, os egos, focar na criatividade, na empolgação com novos projetos, na convivência e na amizade”, afirma John sobre a longa vida do grupo.

O músico acredita que o projeto raro que tinham nas mãos e a qualidade empregada nele ajudaram a mantê-los ativos.

“Ainda gostamos de nos encontrar e tocar juntos, e nos encontramos fora dos palcos também.”

A Patu Fu começou na era do CD, do auge da MTV e das gravadoras com total controle do mercado. John lembra que isso os impulsionou pelo fato de a banda “navegar bem” naquele mercado da música.

“Quando isso tudo transacionou para a era da internet e da autoprodução, foi bom já sermos uma banda conhecida, não precisávamos partir do zero”, reconhece. Ele ressalta o fato de a Pato Fu ser uma das primeiras bandas brasileiras a montar um site próprio e a se comunicar com fãs por canais de chat.

“O que realmente nos ajudou foi o fato de que, mesmo na época em que estávamos contratados por uma grande gravadora, nosso espírito de produção sempre foi independente.”

John conta que sempre apresentavam projetos prontos às gravadoras, com ideias para capas de álbuns, videoclipes, promoção e divulgação.

“Quando tivemos a independência verdadeira, perdendo o apoio institucional de uma gravadora, já tínhamos nosso modo de operar”, destaca.

Sem dúvida, a Pato Fu é uma banda que atuou de forma diferente em relação aos seus pares. Em 2010, lançou o projeto Música de Brinquedo, voltado ao público infantil.

“Foi um momento feliz, uma escolha arriscada que deu muito certo. Ampliou nosso público, gerou uma turnê que nunca acaba e vários projetos paralelos”, afirma John. “Pessoas que nunca haviam se interessado pela banda começaram a nos notar, chegando até ao som ‘adulto’ por essa via. Festivais que nunca tinham nos convidado passaram a nos ter como atração.”

O primeiro álbum do projeto chegou a ganhar um Grammy Latino, em 2011.

O disco alusivo a três décadas de estrada tem como título o numeral 30. Com nove músicas inéditas nesse trabalho, a banda mostra que se sente melhor levando novas ideias ao público em vez de se render ao saudosismo com um disco de resgate de músicas de sucesso.

“Ainda temos novas propostas, é simples assim”, resume John. Os 30 anos da Pato Fu se completam com um documentário musical para a série Ilumina, da produtora Sonastério, e uma longa turnê. Além disso, a banda lançará até o fim do ano mais um álbum, a partir de um show com a Orquestra Ouro Preto.

Em agosto, foi lançada no canal Nick Jr. a série Música de Brinquedo, com roteiros de John Ulhoa, direção de Fernando Gomes (o mesmo de Ilha Rá-Tim-Num e Cocoricó) e a presença da banda.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo