Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Livro aborda o protagonismo da periferia no discurso social do rap

O gênero colocou na música os problemas sociais na boca de quem os vive

Foto: Pablo Bernardo/Divulgação
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Uma leitura no livro O discurso de um Grupo Musical: Rap (Dialética Editora), de Elaine Ferreira dos Santos, doutora em língua portuguesa pela PUC-SP, dá a certeza de que pauta social na música foi, de fato, para as mãos de quem convive com as mazelas socioeconômicas diariamente, nas periferias das cidades média e grandes do País.

É curioso observar que os temas sociais eram difundidos – e muitas vezes escritos – por músicos de classe média, isso lá pelos idos dos anos 1960. Hoje, estão nas mãos de artistas periféricos, seja do rap ou do funk – e por vezes do samba.

O livro citado, que foi publicado semanas atrás, centra-se essencialmente no discurso de dois famosos grupos de rap, mas pode ser extensivo a outras manifestações musicais da periferia que inseriram nos seus trabalhos a exposição da realidade (nada fácil) por meio da canção.

O processo de compreensão do discurso é relacionado diretamente ao contexto social, suas experiências, crenças, opiniões e motivações do assunto em questão. O conhecimento prévio do tema e a identificação com o mesmo são muito reais. A construção musical para representar a realidade depende do talento e da capacidade de levar a mensagem às pessoas.

Os frames, como a autora se refere às situações tratadas nas músicas, são exemplos da estruturação das narrativas, que envolvem o lazer – com comparação entre aqueles destinados às classes abastadas e aos mais pobres -, a discriminação, a violência, a periferia e as discrepâncias sociais. 

O discurso com começo, meio e fim (por vezes trágico) é repleto de gírias do grupo social, metáforas, hipérboles, onomatopeias. Um aspecto importante observado nas canções é o uso da linguagem obscena, mais coloquial e comum, ligada à agudez dos conflitos sociais, além de certo afrouxamento dos tabus morais e a carência educacional.

Os mecanismos linguísticos de comunicação utilizados pelos músicos da periferia se consolidaram. Uma apropriação de fato e de direito.

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