Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Guto Goffi, do Barão Vermelho, diz ter aprendido a compor com Cazuza: ‘Fiquei apaixonado por aquilo’

O músico lança seu quarto álbum solo e afirma que a banda voltou a viver um bom momento depois da saída de Frejat

Foto: Frederico Mendes/Divulgação
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O cantor, compositor e baterista Guto Goffi produziu seu quarto álbum solo, que acaba de ser lançado. Tem o nome de Respirar, uma referência à fase da pandemia na qual o verbo ganhou expansivos significados.

“Naquele período de reflexão que tivemos, o pessoal da arte foi o primeiro a parar e o último a voltar ao trabalho. A gente teve um período longo gestacional e acabou dando esse filho”, diz.

Como na maioria dos discos produzidos no auge da Covid-19, Guto Goffi teve enorme dificuldade de reunir os músicos no estúdio para gravar. O trabalho, porém, saiu e conta com a participação, entre outros, do baixista Arnaldo Brandão, do guitarrista Armandinho Macedo e da cantora Daúde.

No novo disco, o músico gravou uma composição chamada Bilhetinho Azul, de Cazuza e Frejat – eles, ao lado de Guto, fundaram em 1981 a banda Barão Vermelho. O disco valoriza bastante a palavra cantada.

“Minha letra é sempre uma mensagem. Eu me preocupo em tentar passar isso para o ouvinte”, afirma. “E a gente sempre coloca todas as nossas influências.”

As influências remetem ao início da carreira, quando o Barão Vermelho dava os primeiros passos na cena musical.

“Sou um letrista que aprendeu muito com Cazuza. Tinha 18 anos. Ele tinha cinco anos a mais do que a gente, tinha experiência da noite e da boemia”, relata. “E quando ele veio com o seu texto para o Barão Vermelho, fiquei completamente apaixonado por aquilo. Porque aquilo me representava, representava uma geração de uma forma muito verdadeira, muito original, trazendo uma linguagem da dor de cotovelo que tinha na música popular brasileira para dentro do rock. E aquilo ali me pegou.”

Ezequiel Neves (já falecido), ex-produtor do Barão Vermelho e também compositor, é outra referência de Guto.

Segundo o músico, Ezequiel era um adepto da linguagem direta, sem metáforas e rodeios. “Ezequiel criticava muito letra ruim. Se Cazuza escrevesse alguma coisa assim, ele amassava e jogava fora”, recorda. Guto diz que sua forma de compor vem dessa época.

O Barão Vermelho se apresenta em 9 de setembro no The Town, em São Paulo, a primeira edição do festival promovido pelos mesmos organizadores do Rock in Rio. Para o show, a banda terá como convidado Samuel Rosa.

“Quando Cazuza saiu, a gente passou um período muito duro, até sedimentar de novo. Aí tivemos uma fase maravilhosa com Frejat. E quando saiu Frejat e entrou o Suricato (em 2017, como vocalista), passamos um deserto de novo. Mas sentimos agora que as coisas estão clareando e que a gente vai ter direito de jogar a prorrogação”, brinca.

Guto Goffi conta que neste ano lançará também um disco inédito gravado há 10 anos, em parceria com os percussionistas Robertinho Silva e Laudir de Oliveira (falecido em 2017).

O músico manteve uma escola de percussão por 20 anos – teve de fechar por causa da pandemia – e vários projetos foram desenvolvidos em comunidades do Rio de Janeiro.

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