Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Gravação de 1978 mostra os ‘Brasis’ da parceria João Bosco e Aldir Blanc

Show do mineiro em novo álbum apresenta a força lírico-musical da dupla

Foto: Acervo Sesc
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João Bosco havia lançado no ano anterior Tiro de Misericórdia, seu quarto álbum solo, composto por músicas dele com Aldir Blanc, consolidando uma vigorosa parceria. Em abril de 1978, Bosco subiu ao palco do teatro do Sesc Consolação, em São Paulo, para apresentar canções desse disco, além de outras lançadas nos álbuns anteriores, todas com Aldir.

A gravação desse show agora é lançada pelo Selo Sesc em um álbum de 17 faixas, percorrendo as facetas da dupla.

A apresentação começa com o som dos batuques para seguir a música Gênesis (ou Parto), sobre o nascimento de um menino de corpo fechado. As composições Boi e Escada da Penha dão sequência, com referências à tradição e à religiosidade (na forma poética de Aldir, com picardia e sincretismo), tão presentes na vida brasileira.

Depois, o amor nas desventuras de Latin Lover e nas aventuras de Vaso Ruim Não Quebra. Surge, então, o tom místico de O Cavaleiro e os Moinhos.

A seguir, a crônica de Casa de Marimbondo. Depois, os boleros Dois pra Lá e Dois pra Cá e Bijuterias se engendram na poesia ao mesmo tempo irônica e sentimental de Aldir Blanc.

O carnaval em Rancho da Goiabada aparece na sequência, antes da profana Agnus Sei em uma versão longuíssima como uma liturgia.

Depois, o samba Kid Cavaquinho e as nossas mazelas em De Frente pro Crime. A magistral Incompatibilidade de Gênios e as desilusões e o samba Plataforma são as faixas seguintes.

A penúltima canção é Caça à Raposa, em uma alusão à ditadura. Tiro de Misericórdia fecha o show, expondo a injustiça brasileira de cada dia, com a morte do menino de corpo fechado da música Gênesis, da abertura – assim como no disco Tiro de Misericórdia, com a canção Gênesis abrindo e a faixa-título fechando o álbum.

Percussão, batidas afro, sintetizador da época (som bem agudo) e o violão de João Bosco que fala diferentes línguas, extremante único e ao mesmo tempo universal, dão a sonoridade a esse álbum.

Compõem a banda de João Bosco nessa gravação Darcy de Paulo (teclado e sintetizador, além de produção e arranjos), Nilson Matta (baixo), Everaldo Ferreira (bateria), Chacal e Moura (percussões). A direção ficou a cargo do amigo e parceiro musical Paulo Emílio (morto em 1990).

É um show que ressalta a genialidade da parceria João Bosco e Aldir Blanc, capaz de apresentar diferentes “Brasis” de maneira rara e absolutamente fundamental.

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