Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Flávio Guimarães, referência do blues, diz que festivais mantêm o gênero em evidência

Fundador da emblemática Blues Etílicos, que tem quase 40 anos de estrada, conta como a banda conseguiu fazer história na música

Foto: Divulgação
Apoie Siga-nos no

“Quando contamos para os nossos amigos que estávamos montando uma banda de blues, as pessoas questionavam: mas por que uma banda de blues?”, relata o gaitista Flávio Guimarães, que em 1986 fundou com outros músicos a Blues Etílicos, a mais importante e longeva banda do gênero no País.

Naquela época, o rock nacional vivia o auge e seria mais natural que um grupo de jovens com seus instrumentos pesados formassem uma banda desse gênero. “Tinha certa excentricidade montar uma banda de blues naquele momento”, conta Guimarães.

O blues só começou mesmo a entrar no mapa da música brasileira a partir do final daquela década. Ele lembra que o primeiro grande festival de blues no Brasil foi em 1989, em Ribeirão Preto, com Buddy Guy, Junior Wells, Albert Collins, Etta James e dois representantes do blues nacional, que eram novidade naquele período: André Christovam e a Blues Etílicos.

“O festival foi um divisor de águas”, relembra. A partir dali, ganharam reconhecimento, mídia e novos convites para festivais de jazz e blues, que começaram a se proliferar pelo País.

Desse período, Flávio Guimarães diz que sobraram de positivo os festivais do gênero, que, inclusive, voltaram com força total após a pandemia e são realizados em muitas cidades.

“Os festivais conseguiram manter um público fiel. O circuito de festivais vem mantendo a chama acesa do blues no Brasil”, afirma. Segundo Flávio, mesmo nos Estados Unidos, onde o blues nasceu e é um dos pilares da cultura nacional, a formação de público tem sido difícil, em meio à partida dos grandes ícones do gênero sem uma renovação à altura dos bluseiros formados em meados do século passado.

“A indústria fonográfica tentou dar uma modernizada no blues, mas acabou por descaracterizá-lo. Esse blues tem guitarristas exibicionistas, com solos acrobáticos, timbres mais duros, levada de bateria mais dura, deixando ele mais previsível, menos criativo”, afirma o músico.

A Blues Etílicos mantém uma agenda ativa, com uma discografia de uma dezena de álbuns. Flávio Guimarães também tem uma discografia respeitável e é um dos maiores gaitistas (ou harmonicistas) brasileiros e tocou com lendas do blues, como Robert Cray, Sugar Blue, Taj Mahal, entre outros.

“Tive a honra de participar de discos de inúmeros artistas brasileiros, de diferentes estilos, e consegui colocar um pouco da linguagem do blues na música popular brasileira”, diz.

Ele lembra que, no universo da gaita de blues, o que foi feito pelos Blues Etílicos nas décadas de 1980 e 90 representou uma novidade no Brasil, com a presença do instrumento em todas as músicas executadas.

“Hoje temos excelentes gaitistas e muitos deles foram influenciados pela Blues Etílicos”, afirma.

Assista à íntegra da entrevista:

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo