Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Brasil de outros ritmos tem registro em álbum com migrantes estrangeiros

Músicos que moram no país mostram os sons de diferentes regiões do mundo

Foto: José de Holanda
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Não é o que se ouve comumente de música estrangeira. É outra história. São canções que carregam humanidade e recomeços, e elas estão no álbum Sons do Refúgio (Selo Sesc).

No disco, músicos refugiados e migrantes estrangeiros morando no Brasil mostram sua música. O projeto foi feito a partir da série documental de mesmo nome apresentada no final do ano passado pelo SescTV.

Sonoe Fonseca, coordenadora do Selo Sesc, explica que, quando tiveram contato com histórias, imagens e o que a música representa para os personagens envolvidos na série, perceberam algo “poderoso e que se somava ao propósito de apresentar um repertório que não costuma ter saída no mercado das grandes gravadoras comerciais”.

O álbum tem dez faixas. Uma delas é apresentada pelo grupo Batanga, cujo líder, Pedro Bandera, chegou há cerca de vinte anos no Brasil para um trabalho de pesquisa musical sobre a percussão afro-cubana e afro-brasileira.

Chamou a atenção dele ao aportar por aqui como as culturas cubana e brasileira se parecem, com diferente linguagem, cor e manifestação, mas uma mesma essência, a africana.

Escravizados bantos de Angola e ioruba da Nigéria, parte desembarcava em portos brasileiros e outra seguia para Cuba, conta Bandera. Muitas vezes famílias eram separadas nesses entrepostos. Logo, muitos dividiam a mesma formação musical.

“Existe uma distância (entre os dois países) que considero mais política e ideológica do que cultural. Nos dois lugares encontram-se os mesmos elementos rítmicos percussivos, com mudanças de instrumentos”, diz. “O samba e a rumba têm as mesmas características, com formação de roda e tudo. Em Cuba também existe capoeira, berimbau, embora em outro formato.”

A formação da banda, composta por cubanos, um colombiano e brasileiros, se deu em 2013, com a inquietude de colocar em prática a pesquisa musical sobre Brasil e Cuba.

“A banda é um movimento de resistência. Batanga é um ritmo lançado juntamente com o mambo, embora o mambo tenha ganhado projeção internacional.”

O músico critica a falta de reconhecimento que os imigrantes têm no Brasil na área cultural. “Há diferença de cachê, de espaço, como é tratado, pagamento inferior, estrutura menor.”

Além de uma gravação do grupo Batanga, o álbum Sons do Refúgio conta com os seguintes artistas: o congolês Zola Star, a angolana Ruth Mariana, a francesa com ascendência senegalesa Anaïs Sylla, a iraniana Mah Mooni, Fanta Konatê (cujo pai é mestre percussionista na Guiné), o grupo boliviano Santa Mala (formado por três irmãs rappers), o grupo do Togo Maobe, a síria Oula Al-Saghir e o haitiano Guipson Pierre.

A direção musical do álbum é de Belo Villares e a produção musical é de Zé Nigro.

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