O anúncio de que Margareth Menezes aceitou o convite para ser ministra da Cultura, confirmado nesta terça 13, tem um grande significado simbólico,
Trata-se de uma personalidade de expressão na cultura, ligada há várias décadas ao movimento afro e de ações sociais. Tem visão de onde deve começar o seu programa de fortalecimento e valorização das artes. Como Gilberto Gil, que esteve à frente do ministério entre 2002 e 2008.
O percurso de Margareth não deve fugir ao de Gil, que apostou no foco na diversidade cultural, no estímulo à produção e em projetos de inclusão e desenvolvimento da chamada indústria da economia criativa. Inclui-se ainda no programa o fomento a grupos das mais diversas manifestações pelo país afora.
Mas os tempos são outros. A nova ministra terá que lidar também com o desmonte da área nos últimos anos. Terá o desafio, por exemplo, de reativar a Lei Rouanet e destravar a Lei do Audiovisual – apenas para citar dois importantes mecanismos de fomento à arte no País que foram negligenciados (e até atacados) neste tenebroso período.
Agradeço ao presidente Lula pela confiança, tendo a certeza de que será um grande desafio e uma enorme responsabilidade. Vamos trabalhar incansavelmente para reerguer a Cultura do nosso país! pic.twitter.com/bf6lc2VwMF
— Margareth Menezes (@MagaAfroPop) December 13, 2022
Fora isso, houve um incremento espontâneo da cultura promovido por agentes periféricos nas grandes cidades. O movimento, que tem como base o funk e o rap, movimenta uma extensa rede de criadores e se comunica de maneira singular com as camadas mais pobres da população. Não há como o governo federal não olhar mais de perto este fenômeno.
Margareth Menezes deve se cercar de bons quadros da cultura (como fez Gil), tanto do universo político como dos movimentos artísticos. Trata-se de um ministério onde os recursos são escassos – e as necessidades, imensas. É preciso ter equilíbrio para priorizar as urgências, em meio à emperrada máquina estatal.
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