Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

A arte está na rua e não em salas de aula, diz Roberto Mendes

Cantor e compositor se apresenta com o parceiro Capinan no próximo dia 16, no Sesc Pompeia, em São Paulo

Foto: Divulgação
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Voltado às origens do Recôncavo Baiano, o compositor Roberto Mendes vê com bons olhos a quase inexistente transformação de Santo Amaro da Purificação, onde nasceu e vive até hoje. As poucas mudanças na região permitiram ao artista contato com as tradições locais e aproximação com mestres e sambadeiras que carregam essa rica herança. 

“Se não tivesse esse convívio eu estaria tocando Bossa Nova”, diz Mendes a CartaCapital. Sua dedicação à chula e ao samba de roda local o tornou uma referência e resultou em gravações de dezenas de discos.

Mendes considera o violão um instrumento de percussão: “No Recôncavo é muito claro isso”. O músico conta que no século XIX chegaram na região dois tipos de viola, a machete e a 3/4. “Antes de chegar a viola já existia o batuque. Quando a viola chega incorpora o batuque e gera o canto violado”. 

O baiano toca esse violão percussivo de forma muito pessoal. Suas composições já foram gravadas pela conterrânea Maria Bethânia (principal intérprete de sua obra), Gal Costa, Margareth Menezes, Daniela Mercury, Tânia Alves, Mariene de Castro, Moreno Veloso e por aí. 

As suas parcerias musicais são com músicos conhecidos no ofício, como o também baiano Capinan. “Nunca imaginava na vida que seria parceiro de Capinan”, conta Mendes ao lembrar que quando tinha 15 anos viu Capinan ganhar um festival de música em 1967 com Ponteio, parceria com Edu lobo e uma das primeiras músicas de sucesso do baiano tropicalista.

Mendes fala com emoção: “A poesia ainda brota em Capinan, que não para de minar. Ele não se permitiu sair dessa coisa tropicalista”. Hoje, eles completam 23 anos de parceria musical.

No dia 16 de dezembro, no show Flor da Memória, no Sesc Pompéia, em São Paulo, Capinan e Roberto Mendes se reúnem para contar histórias e cantar músicas para lembrar a trajetória de ambos. 

Mendes, que completou 70 anos em novembro, diz que essa interação que ele mantém com a cultura do Recôncavo Baiano é de extrema relevância ao seu trabalho. “Eu vivo a cultura e faço arte. É o que eu sou. A arte está na rua”, diz. Para ele, uma barraca no mercado pode ter uma representação cultural mais significativa do que em escolas e em salas de aula destinadas a ensinar expressões artísticas. 

Assista a entrevista de Roberto Mendes a CartaCapital na íntegra:

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