Política
Mandetta perde apoio de militares após criticar Bolsonaro na TV
Crescem novos rumores sobre possível demissão do ministro da Saúde, por ‘insubordinação’ ao presidente da República


Militares do Palácio do Planalto começam a rever seus posicionamentos em relação à permanência de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, após se irritarem com a entrevista do ministro ao programa Fantástico, da emissora Globo, exibida no domingo 12.
Segundo o jornal O Globo, interlocutores do presidente Jair Bolsonaro interpretaram a entrevista como uma provocação. Na ocasião, Mandetta disse ao programa que o governo precisa ouvir a ciência e adotar um discurso unificado no combate ao novo coronavírus.
Parte da cúpula militar do governo considerou que houve “covardia” e “molecagem” nas declarações de Mandetta, informa o veículo. Atitudes de insubordinação e de desobediência hierárquica são vistas por esta ala como “inaceitáveis” e, nesse caso, o ministro da Saude se “veste de arrogância” e “enfrenta o presidente”.
De acordo com O Globo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, avaliou a necessidade de sentir o clima no início desta semana, antes de definir se Mandetta segue no posto. Bolsonaro, quando questionado sobre a entrevista do ministro, limitou-se a dizer que não assiste à Globo.
No entanto, o chefe da Saúde perdeu força para se manter no cargo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a opinião de militares é de que Mandetta desprezou o esforço para preservá-lo no comando da pasta e está preocupado apenas com sua imagem pública, para tentar se candidatar a governador do Mato Grosso do Sul, em 2022.
Em 6 de abril, Mandetta relatou clima de angústia no Ministério, após os rumores de que ele seria demitido. O ministro afirmou que recebe críticas que não são construtivas à luta contra o coronavírus e reforçou que “médico não abandona paciente”, para justificar que não pediria demissão.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Lula, Dilma e líderes estrangeiros condenam bloqueios a Cuba e Venezuela
Por Victor Ohana
“Quem sabe já em agosto estejamos de volta ao trabalho”, cogita Doria
Por Victor Ohana
Bolsonaro ironiza infecções: “Brasileiro pula em esgoto e não pega nada”
Por Victor Ohana